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quarta-feira, março 31, 2004

Aqui o tens!

Especialmente dedicado a ti já temos um site meter no nosso blog! Em honra do teu colestrol e da minha hérnia discal cervical!
Divulgação
Recebi um daqueles mails que nos alertam para uma série de coisas importantes. Transcrevo:

"O Governo pretende fazer aprovar uma Lei Quadro da Água cujo objectivo central é angariar dinheiro rápido através da venda da água dos rios e da utilização privada das praias e terrenos anexos. Esta lei, única no mundo, imporia que a captação e rejeição de água passasse a ser comerciável com regime de preços fixados segundo as "leis do mercado" e prevê ainda a privatização de bacias hidrográficas associadas a grandes barragens. Naturalmente, os preços que "o mercado fosse "fixando" para a água reflectir-se-iam directamente em toda a economia nacional de forma muito mais ampla que os aumentos de combustível, com fortíssimo impacto na agricultura e no abastecimento público - isto é, na água e na alimentação de todos. Os sucessivos alertas da Associação Água Pública sobre a gravidade da eventual aprovação desta lei têm esbarrado com a impenetrável barreira de silêncio dos meios de comunicação. Peço toda a divulgação possível dos dois comunicados que transcrevo abaixo, e que envio em anexo de forma a poderem ser impressos. Disponibiliza-se mais informação na página http://agua.publica.no.sapo.pt ."

Agora um exercício: onde se lê "água" leiam "vinho". Apercebem-se agora da gravidade da situação? Escandaloso, meus amigos, alguém tem de fazer alguma coisa!

Histórias de contar
No início, isto é, aí há coisa de quatro meses, tantos quanto tem o Meridianos, ainda tentei. Mas a minha info-exclusão foi mais forte. Acabei por desistir de pôr o contador de visitas. Penso agora que não deixa de haver uma certa volúpia em escrever sem saber quantas pessoas nos vão ler. Como resolver o imbróglio? Confesso que não sei. Então faço assim: por vezes escrevo como se fosse apenas para mim próprio e outras para dez milhões.

terça-feira, março 30, 2004

Correio dos leitores
Mais correio dos leitores. Fiquei sensibilizado pelas inúmeras (eerr...) manifestações de solidariedade recebidas a propósito da minha taxa de colesterol. Uma leitora amiga (a O.) avisa no entanto que o Prozac cria dependência. Folgo em saber. As coisas que criam dependência são regra geral muito mais agradáveis que as que não queremos repetir. Não estou assim preocupado. Ficarei preocupado quando chegar a altura de começar a pensar em tomar Viagra para vir uma outra voz amiga avisar que o dito cujo cria dependência. Aí poderei ficar com o moral em baixo. Mas felizmente apenas o moral!

quinta-feira, março 25, 2004

O bom e o mau
Acabo de saber que a minha taxa de colesterol está acima do universalmente recomendado. Tenho que ter mais cuidado com o Reblochon, o Camembert e o Vacherin. Com o Forêt Noire e o Pata Negra. Com o Crême Brulée. Talvez passe ao Prozac.
Contradições
Em vez de responder ao desafio do David (7 coisas dignas de relevo dos anos 80), embora talvez ainda o venha a fazer, prefiro contar esta história. Na parede do quarto do meu filho mais velho (10 anos) está um poster do Eminem em pose digna, a fazer um pirete ao mundo. Logo ao lado está um poster da Lorie, uma espécie de sub-Britney Spears (fase virginal delicodoce, entenda-se, e não essas poucas vergonhas que ela faz agora) francesa pior ainda que o original. Tentei explicar ao meu filho que um elimina o outro, quer dizer, que ele não pode ter o Eminem e a Lorie ao lado um do outro. Debalde. Para ele é absolutamente natural ser fã dos dois. Para além de também ser normalíssimo ser igualmente fã dos Nirvana ("Rape me" era um dos temas favoritos dele quando tinha 4 anos, mas por favor não contem isto às comissões de protecção de menores!) e, quando andava a aprender trompete, do Miles Davis. E se for ele que tem razão?

quarta-feira, março 24, 2004

Em defesa da Saudade?

Pois é! Não há uma década apenas má! O AC ofereceu-nos excelentes de boas coisas no contexto musical que os anos 80 nos ofereceram. Mas é bom também recordar algumas outras coisas que também se passaram nos anos 80:

1. Os Genesis transformaram-se de uma das melhores bandas nos anos 70 para uma das mais pirosas bandas nos anos 80 e (infelizmente) seguintes.

2. O Miguel Esteves Cardoso foi o herói de uma geração leitora de um pasquim supostamente independente e até vendeu livros por causa disso!

3. Quem governava os maiores e mais influentes países do mundo?

4. Nós fomo-lo pelo Professor Cavaco.

5. Nas discotecas passámos a ouvir martelinhos que evoluiram para inúmeros sub-segmentos estilísticos que ainda hoje (infelizmente) dominam o mainstream da indústria do espectáculo.

6. Apesar das naturais excepções, os tops musicais em todo o mundo foram dominados pelas inúmeras bostas da música pop pré-fabricada.

7. O sonho da revolução dos cravos terminou, tal como o sonho de libertação adolescente: o flower power por um lado e o punk por outro foram transformados naquilo que as editoras entenderam poder vender mais discos - a energia delicodoce (ou seja, muita ritmo com trauteio garantido).

Desafio-te amigo AC a ofereceres-me pelo menos 7 pontos fortes dos anos 80 com igual relevância!

Sejamos honestos, os anos 80 foram o início de toda a mediocridade que (infelizmente) por aí reina. Salva-nos a internet que permite juntar imensas minorias e retomar (por forma diversa é certo) o movimento underground e alternativo artístico.

Eu às vezes também ouço uns Duran Duran e vejo o Grease, mas isso é só porque a saudade desses nossos tempos nos engana. É que muitas vezes pensamos gostar porque nos lembra momentos importantes da nossa vida, mas de facto não gostamos. Lembra-nos coisas apenas...

Como diria o MEC: para os anos 80 não vou dar três bostas, mas sim um balde inteiro!









Em defesa dos anos 80
Como os "progressivos" fizeram a recuperação dos anos 70, um destes dias teremos que fazer a recuperação dos anos 80. Porque, vê lá bem, amigo David, uma década que deu ao Mundo Joy Division, Smiths, Housemartins, Echo & The Bunnymen, Young Marble Giants, Go-Betweens, uff, e outros mais … não pode ser completamente má? Ou pode? Bom, se olharmos para alguns dos nomes citados no blog em questão se calhar pode. E depois? Vómitos e bostas sempre existiram e, não tenhamos dúvidas, sempre existirão. Porque se não existissem, tudo seria muito mais monótono.

segunda-feira, março 22, 2004

Vamos todos ao Rock in Rio

Calma, calma! Não enlouqueci de vez!

Mas tenho mesmo à minha frente o programa e vale a pena conhecer a realidade e não viver alimentado de bocas de culto! Aqui vai:

28 de Maio - Paul McCartney - a ver; lá estarei, como estive em Cuba há dois anos! Não vá o homem morrer e eu viver em angústia o resto da minha vida. Apesar de tudo foi um dos dois génios da banda mais genial do mundo e de sempre

28 de Maio - "+ a confirmar" (devemos esperar coisas tipo Tom Jones, o que a concretizar-se: a ver, ler parágrafo anterior).

29 de Maio - o grande dia do Festival: Gilberto Gil, Ben Harper, Peter Gabriel, At-Tambur! Só por estes já valia a pena... os outros não conheço ou já enjoam (tipo Rui Veloso).

30 de Maio - dedicado a alguns dos adeptos do blog dos anos 80; Guns n' Roses dão o mote abjecto ao dia!

4 de Junho - a abrir com os Metaleiros (como diria a concorrência Super Bock), para desenjoar os Gaiteiros de Lisboa! um daqueles dias que vale mesmo a pena... ficar em casa a ler um livro policial com ar condicionado depois de um belo dia de praia!

5 de Junho - para os pais e para as filhas, a Britney Spears ataca qual Barbie liberta das grilhetas do Ken. O João Pedro Pais consta que a quer comer, mas provavelmente terá que se contentar com a roadie (de buço avantajado) das Sugababes! Vomitem!

6 de Junho - uma espécie de dia world ligeiro com o Sting enjoado e o Represas enjoativo! Para cúmulo temo os Alejandro Sanz e a Mariza para darem um ar da sua (des)graça! Vomitem outra vez!

Como podem concluir não é assim tão mau como isso! É uma espécie de limpeza física e espiritual a 53 € por dia!
Anos 80????????????????????????

Depois de dar uma espreitadela ao blog que o meu amigo AC fez o favor de oferecer, ainda tremo! Por duas razões: a primeira porque a década de 80 conseguiu redefinir o standard do mau gosto! A todos os níveis mas principalmente ao nível da cultura de massas (apesar de hoje haver muito boa gente que começa a transformar em ícones pop as bostas supostamente artísticas desses anos). Em segundo lugar porque estou preocupado com a sanidade mental do meu amigo AC! Ou então com a minha... terá ele sido irónico? Que angústia meus amigos. Que angústia!
A Democracia na sua mais alta vitalidade ?

Confesso que tenho resistido em escrever sobre o 11 de Março espanhol! A principal razão é que, imediatamente a seguir às primeiras notícias, senti que algo estava errado. Aliás, tudo estava errado. Começando obviamente pelas mortes de inocentes. Mas, no plano político, principalmente pela atabalhoada forma como membros do então Governo espanhol disparavam, também eles, acusações à ETA. Não batia certo por várias razões já hoje totalmente dissecadas, mas que naqueles dias pareciam ser tabú. Recordo-me de comentar com amigos no próprio dia 11 e nos dias seguintes que não "acreditava" que tivésse sido um atentado da ETA e da forma como, perante a minha argumentação justificativa dessa "crença", olhavam para mim... Depois das eleições comentei com um desses meus amigos (que por acaso viaja frequentemente para Madrid) novamente o tema e a reacção foi de ainda não acreditar (fazendo-me lembrar o Chico Picancas que no início da década de 70 se recusava a acreditar que o homem tivésse pisado a Lua e que discutia isso até à exaustão com a professora de Geografia do 7º ano de escolaridade) e, depois, de começar a discutir o QI do novo primeiro ministro espanhol! Felizmente (?) este meu amigo não é representativo da maioria de espanhóis que votaram nas últimas eleições (aliás, ele nem é espanhol!).

Mas o que mais me fez evitar escrever sobre o assunto e que ao mesmo tempo me leva hoje a fazê-lo, foram os comentários dos media portugueses sobre o resultado das eleições espanholas. Muitos eles em redor do tema da vitalidade da democracia. Que os espanhóis deram uma lição do que significa democracia. E outras coisas do género. O problema é que não é nada disso! O que aconteceu não é o resultado da vitalidade da democracia, mas sim do facto de a democracia apesar de ser o melhor sistema de organização política conhecido, não é perfeito. Porque se fosse perfeito, o Governo espanhol não teria apoiado a invasão do Iraque, contra 90% dos seus compatriotas. Mas foi o facto de ser uma democracia ocidental, com regras bem precisas de funcionamento, que fez com que o Governo espanhol, tendo sido nomeado em resultado de eleições democráticas que deram a maioria ao partido político que lhe estava subjacente, apesar do "sentimento do povo", optou convictamente pelo apoio à invasão. Tudo estaria (no plano argumentativo, claro) certo se perante o 11 de Março, os governantes espanhóis não tivessem perdido a cabeça numa lógica de "apego" ao poder. Tudo estaria certo (no plano das convicções) se os membros do Governo espanhol tivessem afirmado que mesmo não tendo sido a ETA, as suas decisões passadas e a sua postura presente de apoio à invasão do Iraque se mantinha. Ou ainda que se tinham arrependido porque decidiram num contexto informativo que se veio a demonstrar manipulado e portanto indutor de decisões contra-natura. Mas nada disso aconteceu! A democracia serviu para que supostos representantes do Povo mentissem antes e mentissem depois (na primeira vez eventualmente sem culpa, mas na segunda, certamente). E portanto, se a Democracia se demonstra (apenas) com vitalidade depois de morrerem 200 pessoas e mais de 1000 ficarem feridas, que nos resta esperar nos dias de hoje quando votamos? Provavelmente votar em quem não tenha possibilidades de governar... o que é obviamente um contra-senso! Porque o voto (diz a Ciência Política) tem como objectivo eleger. E os eleitos têm como responsabilidade e objectivo dirigir! Que fazer deste ciclo vicioso não sei! Mas que não há vitalidade em democracias que só reagem à morte, estou certo!


quinta-feira, março 18, 2004

Anos 80 bem medidos
Terei feito um post sério? Se é o caso, passemos rapidamente a coisas mais ligeiras. Para anunciar um blog que celebra os anos 80. A visitar.
Quanto mais me bates
Talvez por não se tratar de uma pessoa muito conhecida em Portugal, tenho visto poucos comentários à actualidade judiciária relativa a Bertrand Cantat. O líder da mais conhecida banda rock francesa, os Noir Désir, encontra-se neste momento a ser julgado em Vilnius pelo assassínio da actriz Marie Trintignant, sua companheira da altura, em Julho do ano passado. Tem-se falado muito, a propósito disto, de violência doméstica e conjugal. Lembro-me, por exemplo, logo após o alegado crime, de ter lido umas declarações de Maria de Medeiros, em que se dizia esperar que o acontecimento servisse para alertar as pessoas para esta realidade. Ora isto é um reputado disparate. Quanto às circunstâncias em que decorreu o alegado crime, os tribunais decidirão. Mas por aquilo que se conhece, tudo indica ter-se tratado do que chamaríamos um crime passional, entre duas pessoas que pretendiam muito se amar, talvez de maneira doentia. Fazer disto um hino contra a violência conjugal é, para além de estúpido, perigoso. Quanto mais não seja pela aura romântica e mediática do casal. Que tem a ver uma discussão entre duas personalidades mediáticas, cantor rock e actriz, depois de uma noite de (muitos) copos que acabaria tragicamente, com o drama de milhões de mulheres que sofrem todos os dias na pele a violência física e moral de agressões repetidas? A violência conjugal é este quotidiano cinzento, triste e sórdido e não a explosão, que facilmente pode passar por romântica e poética, embora fatal, de um casal qualquer das capas das revistas. É o que não se vê e não o que salta aos olhos.

quarta-feira, março 17, 2004

Rockar por aí
Ora aqui está uma causa interessante. Por mim, posso garantir que não irei ao Rock in Rio.

Ou não andem?
Por falar em Diabo, o Dicionário do dito reafirma-se de Direita, dizendo saber que "isso desgosta a maioria dos leitores do Dicionário". Por mim, pode ser de Direita quando quiser, desde que continue a pôr cá fora maravilhas como esta.
Aí vai um dos meus preferidos, intitulado Pastelaria:

"Uma senhora reles,com peles,
come um brigadeiro."
Eles andem aí

Diz o blog com o melhor nick da blogosfera:

"Há dias, a minha filha apareceu lá em casa com uns folhetos do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), editados em estreita colaboração com uma coisa chamada Fórum Social Português. Perguntam os meus leitores: o que é que uma menina de 7 anos faz com folhetos deste calibre? Não sei. Aguardo a resposta da mãe. (...) O tom geral é panfletário, arrivista, recheado de slogans e de referências nada inocentes do ponto de vista ideológico. Trata-se de um folheto (e, suponho eu, de um projecto) politicamente engajado, anacrónico, servido aqui e acolá por «conspirações»"

Ó Diabo, se a conspiração chegou lá a casa, é caso para preocupação. Tenham medo, tenham muito medo...

segunda-feira, março 15, 2004

And now ladies and gentlemen
Já sei porque é que o David anda a postar pouco. É que ele anda a compor umas canções novas.
My favorite things
Tenho algumas. Uma delas o tema do mesmo nome, versão de John Coltrane.
Post inútil e supérfluo
Eis algumas coisas sobre as quais não me apetece falar:

- terrorismo
- o filme do Mel Gibson
- as eleições espanholas,

não necessariamente por esta ordem.
E assim se faz um post perfeitamente inútil.

Dentro de momentos
Nem sempre se consegue blogar. Mas pode-se tentar.

quarta-feira, março 10, 2004

Subiu-lhes a naftalina
Como diria o inefável Jardel, a quem subia sempre a malfadada naftalina antes dos jogos importantes. Estou contente com a qualificação do Porto, claro, que até é merecida, analisando os dois jogos, mas deixo uma observação e uma questão. A observação é que é engraçado que o Mourinho tenha provado do seu próprio remédio, sofrendo a arrogância dos ingleses e de Sir Alex. Mas é justo dizer que respondeu bem. E talvez tenha aprendido algo. Ou pelo menos reconhecido que há sempre algo a aprender e que não se sabe nunca tudo. A questão: e se tivesse sido ao contrário e o golo de Costinha anulado por fora de jogo escandalosamente inexistente? O que não diriam os jornais portugueses? E o treinador Mourinho?

segunda-feira, março 08, 2004

Rapariga com brinco de pérola
Não é de agora o fascínio do cinema pela pintura. Nem é de espantar, sabendo a estreita relação que existe entre estas duas artes. Isto a propósito de Girl with a pearl earring, que, sem ser um grande filme, tem sido tratado um bocadinho injustamente. Os críticos do Público, por exemplo, não se dignam dar-lhe mais de uma estrelinha. Por mim, penso que há duas ou três coisas que compensam os euros gastos no bilhete.
Antes de mais nada, Scarlett Johansson, que ameaça tornar-se o caso mais sério de empatia com a câmara desde Audrey Hepburn (pronto, está bem, estou a exagerar um bocadinho…). Num papel extremamente difícil, pela rarefacção dos diálogos, e onde muita actriz consagrada correria o risco de se espalhar miseravelmente, a fantástica Scarlett consegue convencer-nos e arrancar uma interpretação portentosa, cheia de subtileza e discrição, jogando apenas com o olhar e o corpo. E a uma actriz em estado de graça tudo se perdoa.
Depois, a estratégia. O realizador escolheu fazer o seu filme como uma sucessão de imagens, elas próprias sugestão de pinturas de Vermeer. Daí o cuidado quase maníaco na reconstituição dos detalhes da época, o que, podendo enervar um pouco pelo seu carácter académico, não deixa de ser uma aposta curiosa e agradável de seguir para quem, como eu, admire a pintura de Vermeer.
Enfim, resultado desta estratégia, o cuidado posto na excelente fotografia, que utiliza magnificamente a luz. Em inteira consonância com o trabalho de Vermeer que, antes de pintar pessoas ou cenas, pintava sobretudo a luz. Será que o Eduardo Serra andou a ver o Barry Lyndon antes de começar a trabalhar neste filme?
Estes aspectos positivos desculpam os pontos fracos do filme, nomeadamente aquele jeito muito "série BBC" e as metáforas demasiado evidentes, como a cena da perfuração da orelha a simbolizar a perda da virgindade (mas, lá está, até aí temos Scarlett a salvar a cena pela força erótica que lhe consegue transmitir).
Entretanto, a título de curiosidade, fiquem com esta análise pormenorizada do quadro que inspirou o filme (e, antes dele, o livro de Tracy Chevalier).

sábado, março 06, 2004

João Bénard da Costa goes wild
Já que continuamos a falar de cinema (mais ou menos), queria aqui deixar um lamento pelo desaparecimento (ou, no mínimo, a inactividade) do Pipi. Penso com efeito que ele seria a pessoa ideal para escrever um texto em que ando a pensar. Estão a ver uma daquelas crónicas do grande Bénard da Costa, com referências à Arrábida e ao Politeama, mas que, em vez de um filme de Hawks dos anos 50, se debruçasse única e exclusivamente sobre o cinema porno dos anos 2000? Assim tipo: "Lembro-me daquelas manhãs luminosas na Arrábida, dos dias que passavam lentamente. Esperando pelo sábado, pela viagem ao Politeama, por que esperava sempre ansiosamente. Para depois, na solidão da sala escura, ver o silicone inchado da Jenna Jameson e a dupla penetração. Nunca mais fui o mesmo depois daquela visão." etc. etc. Estão a ver o estilo, não estão?

sexta-feira, março 05, 2004


Olhó Oscar - Parte 2

Confesso que só agora, ao voltar à blogosfera após uma semana de "outras coisas a acontecer" (as aspas, as aspas!), me compenetrei que os Oscars já se foram. Em primeiro lugar vale a pena dizer: graças a Deus! Não por causa dO Deus (como dizem os meus filhotes), mas por casa do "graças" (aspas outra vez!). Não sinto pica absolutamente nenhuma desde há alguns anos em saber, acompanhar, comentar ou discordar das decisões da Academia do Tio Sam! Tou-me absolutamente nas tintas! Faz-me lembrar o Festival da Canção e o da Eurovisão! Há coisa de 25 anos era um daqueles acontecimentos que as famílias seleccionavam como uma das noites do ano! Lembro-me de tremer e tirar notas e zangar-me com os meus pais pelas diferenças de opinião. Lembro-me também, talvez há uns 20 ou 15 anitos, já com menos emoção juvenil mas ainda com algum empenho, discutir com os amigos (entre meia dúzia de gins tónicos) os resultados ou as antevisões da noite dos Oscars (nomeadamente com o AC). Mas desde então a única coisa de que me lembro é da minha assistente (agora não se pode dizer secretária!) que todos os anos me avisa para eu não me esquecer que no dia dos Oscars ela está de férias pois passa a noite em frente à TV (imagino eu a comer pipocas e a beber coca cola light). Também me lembro que todos os anos quanto concluo que a coisa já passou, desabafar sempre qualquer coisa do género "a mesma treta de sempre" ou "tou-me nas tintas" (que não é mais do que estou neste momento a fazer convosco). Já desabafei! Para o ano há mais!

quinta-feira, março 04, 2004

Post com quatro anos de atraso
O lado bom de ir menos ao cinema é que de vez em quando apanhamos filmes que nos surpreendem. Nurse Betty é um filme de 2000 que não vi quando passou nas salas. Vi-o ontem e reconheço: fiz mal em não o ter visto na devida altura. Trata-se de uma comédia negra brilhante, fabulosamente escrita, visualmente forte e que nem a presença da horrenda Renee Zellweger consegue estragar. Para aqueles que não viram, eis a sinopse: Betty (Renee Zellweger), empregada sem histórias do diner de uma cidadezinha do Kansas, é espectadora devota e admiradora fanática do herói de uma soap televisiva, um cardiologista lindíssimo. Depois de assistir a uma cena sangrenta envolvendo o marido e dois estranhos gangsters (Morgan Freeman e Chris Rock, ambos excelentes), Betty fica em choque e começa a confundir a realidade com a soap que segue todos os dias. Escapa-se para Los Angeles e vai à procura do "cardiologista", por quem se descobre apaixonada. Quando sabem que Betty é uma testemunha do crime, e que deverá estar, embora sem o saber, na posse do que eles andam à procura, os gangsters não têm outro remédio senão tentar descobrir o paradeiro de Betty.
Nurse Betty não é apenas uma crítica inteligente dos mecanismos da sociedade do espectáculo. É igualmente uma reflexão sobre a possibilidade do amor e a fragilidade do humano num mundo hostil, onde nada é o que parece. Todos os diálogos podem ser lidos a vários níveis, numa complexidade travestida de simplicidade que não deixa nunca de surpreender e interpelar o espectador.
Eis o nome do realizador: Neil LaBute. Dele tinha visto In the company of men, um primeiro filme, outra comédia amarga sobre a bestialidade do homem, simpática mas sem centelha. Espero que ele consiga terminar Vapor, o filme que tenta preparar neste momento, mas cujas filmagens têm sido sucessivamente adiadas, provavelmente por falta de financiamento.
Aspas
Anda aí uma discussão sobre aspas e comas que atinge proporções quase surrealistas (ver por exemplo aqui e aqui; ou, já a um nível diferente, aqui e aqui). Por mim, penso que as aspas têm a sua utilidade. Imaginem por exemplo dizer "Glorioso", referindo-se ao Benfica, sem aspas. Por outro lado, certas discussões sobre comas podem ter o efeito de deixar os intervenientes em estado comatoso. Qualquer discussão séria sobre o conflito israelo-palestiniano está envenenada à partida se se começa por negar a um dos lados o estatuto de povo ou nação. Mas admito que não se queira discutir seriamente. E apenas largar umas piadas matreiras que caiem sempre bem. É o estilo Merde in France, cada vez mais popular no lado dextro da blogosfera.
O homem que mordeu o cão
Telejornal, hoje, há pouco mais de uma hora. O filho do comandante da PSP de Castelo Branco comete uma infracção de trânsito. E é multado. O pai confirma: é multado sim senhor. Isto é notícia.
Oral sex is not sex
Um amigo mandou-me esta notícia do Correio da Manhã. O que mais me espantou neste relato foi a profunda cultura audiovisual manifestada pela aluna D., do 7° ano (!), que afirmou ao jornal: "Pareciam cenas do Canal 18". Com esta juventude informada e atenta à paisagem audiovisual nacional, não tenho dúvidas: Portugal irá longe.

terça-feira, março 02, 2004

Portanto é assim

Melhor filme: O Senhor dos Anéis 3
Nada tenho contra este filme, de que até gostei. E, como disse Peter Jackson, já era tempo de a Academia recompensar o cinema fantástico. Não é o melhor filme de 2003? Com certeza que não. So what? Mas o AC 2003 vai para Lost in Translation. Devo dizer no entanto que não vi Mystic River.

Melhor realizador: Peter Jackson
Óscar bem entregue. O premiado poderá brincar às guerras e pôr o Óscar que recebeu a dar porrada às figurinhas LOTR com que o merchandising do filme nos inundou. AC 2003 para Sofia Coppola.

Melhor actor: Sean Penn
Não vi Mystic River e até acho o Sean bom actor, embora tenha um lado cabotino que enerva. O AC 2003 deveria ir para Bill Murray, mas como prova de boa vontade para com a E. vai para o Johnny Depp, porque ela adorou o tal filme de piratas (que eu não vi, claro).

Melhor actriz: Charlize Theron
Ainda não vi Monster mas a Charlize Theron merece todos os prémios que lhe quiserem dar. E a Naomi Watts também, já agora.

Melhor actor secundário: Tim Robbins
Não sei se já vos disse que não vi Mystic River. Não? Então digo: não vi Mystic River. AC 2003 para Benicio del Toro.

Melhor actriz secundária: Renee Zellweger
Quem? A Bridget Jones? Credo!

Melhor argumento original: Sofia Coppola por Lost in Translation
Quando a Academia segue os meus conselhos, não é preciso dizer mais nada.

Melhor argumento adaptado: Peter Jackson, mulher e amiga por LOTR 3
Não sei se os fans do Anel têm a mesma opinião.

Melhor filme em língua estrangeira (quer dizer não inglês): As Invasões Bárbaras
Ora aqui está um filme que eu vou tentar não ver. Desde logo porque aquele sotaque do Quebec não se consegue perceber: é mesmo uma língua estrangeira.

Melhor fotografia: Master & Commander
Curiosamente não vi este filme. Devo aliás acrescentar, se ainda não o fiz (acho que não), que também não vi o Mystic River. Mas o AC 2003 vai obviamente para o Eduardo Serra, quanto mais não seja por orgulho nacional. Depois, quando vir o Girl with a pearl earring (só estreia aqui na terrinha amanhã!), confirmarei se ele o mereceu.

Melhor montagem: LOTR 3
Tudo menos A Cidade de Deus, que é tão mauzinho.

Óscar especial: Blake Edwards
Pois.

E para o ano há mais! Resta-me acrescentar, em jeito de despedida, que não vi o Mystic River.

segunda-feira, março 01, 2004

Olhó Oscar
Nada tenho contra a cerimónia dos Oscares, pelo contrário, até acho piada. Trata-se regra geral de um espectáculo interessante, de puro e honesto "entertainment". Dito isto, não tenho pachorra nem tempo para ver os Oscares em directo, a uma hora em que durmo o sono dos justos. Prefiro ver em ligeiro diferido (o que até está na moda agora) e na versão resumida, tipo Reader’s Digest, o que acontecerá daqui a pouco. Depois farei o comentário que, garanto, será ainda mais resumido.

Crítico musical

Como sempre, o David descobre grandes links. Não encontrei a apreciação feita pelo nosso crítico digital de Velvet Underground & Nico (também conhecido por álbum da banana), mas fica aqui a do álbum VU (que por acaso até nem é muito bom):

"The sound of that bloke in your office who hums to himself continuously oblivious to the number of people who plot to fill his mouth and nose with cement on a daily basis is nothing compared to the dire I Cant Stand It. You've probably guessed that I don't like Nico very much. It's due to being assaulted by things like the slow ticking noise of your concrete boots setting after stupidly refusing to do business with that nice Italian family firm, or Stephanie Says as it is known on the back of CD. Like the last gasp of a boiling lobster, track 3, Shes My Best Friend is a perversion that may actually appeal to a small group of sick fucks hiding in a basement somewhere in Illinois. Track 6, Foggy Notion is about as hip as my father's attempts at the Lambada. It's a vision of hell that not many people live to see, I promise you. Like KPMG's corporate anthem (look it up, it's fab), track 7, Temptation Inside Your Heart should not be played to the vulnerable. Or those with ears. The chorus of track ten, Im Sticking With You will haunt me for years to come, sounding as it does like the little pop and splash that comes before the scream after accidentally lodging a knitting needle in your eye.
In fact, I'm unable to understand how people can pay money to be tortured in this way."

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