quinta-feira, março 18, 2004
Quanto mais me bates
Talvez por não se tratar de uma pessoa muito conhecida em Portugal, tenho visto poucos comentários à actualidade judiciária relativa a Bertrand Cantat. O líder da mais conhecida banda rock francesa, os Noir Désir, encontra-se neste momento a ser julgado em Vilnius pelo assassínio da actriz Marie Trintignant, sua companheira da altura, em Julho do ano passado. Tem-se falado muito, a propósito disto, de violência doméstica e conjugal. Lembro-me, por exemplo, logo após o alegado crime, de ter lido umas declarações de Maria de Medeiros, em que se dizia esperar que o acontecimento servisse para alertar as pessoas para esta realidade. Ora isto é um reputado disparate. Quanto às circunstâncias em que decorreu o alegado crime, os tribunais decidirão. Mas por aquilo que se conhece, tudo indica ter-se tratado do que chamaríamos um crime passional, entre duas pessoas que pretendiam muito se amar, talvez de maneira doentia. Fazer disto um hino contra a violência conjugal é, para além de estúpido, perigoso. Quanto mais não seja pela aura romântica e mediática do casal. Que tem a ver uma discussão entre duas personalidades mediáticas, cantor rock e actriz, depois de uma noite de (muitos) copos que acabaria tragicamente, com o drama de milhões de mulheres que sofrem todos os dias na pele a violência física e moral de agressões repetidas? A violência conjugal é este quotidiano cinzento, triste e sórdido e não a explosão, que facilmente pode passar por romântica e poética, embora fatal, de um casal qualquer das capas das revistas. É o que não se vê e não o que salta aos olhos.
Talvez por não se tratar de uma pessoa muito conhecida em Portugal, tenho visto poucos comentários à actualidade judiciária relativa a Bertrand Cantat. O líder da mais conhecida banda rock francesa, os Noir Désir, encontra-se neste momento a ser julgado em Vilnius pelo assassínio da actriz Marie Trintignant, sua companheira da altura, em Julho do ano passado. Tem-se falado muito, a propósito disto, de violência doméstica e conjugal. Lembro-me, por exemplo, logo após o alegado crime, de ter lido umas declarações de Maria de Medeiros, em que se dizia esperar que o acontecimento servisse para alertar as pessoas para esta realidade. Ora isto é um reputado disparate. Quanto às circunstâncias em que decorreu o alegado crime, os tribunais decidirão. Mas por aquilo que se conhece, tudo indica ter-se tratado do que chamaríamos um crime passional, entre duas pessoas que pretendiam muito se amar, talvez de maneira doentia. Fazer disto um hino contra a violência conjugal é, para além de estúpido, perigoso. Quanto mais não seja pela aura romântica e mediática do casal. Que tem a ver uma discussão entre duas personalidades mediáticas, cantor rock e actriz, depois de uma noite de (muitos) copos que acabaria tragicamente, com o drama de milhões de mulheres que sofrem todos os dias na pele a violência física e moral de agressões repetidas? A violência conjugal é este quotidiano cinzento, triste e sórdido e não a explosão, que facilmente pode passar por romântica e poética, embora fatal, de um casal qualquer das capas das revistas. É o que não se vê e não o que salta aos olhos.
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