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quinta-feira, março 04, 2004

Post com quatro anos de atraso
O lado bom de ir menos ao cinema é que de vez em quando apanhamos filmes que nos surpreendem. Nurse Betty é um filme de 2000 que não vi quando passou nas salas. Vi-o ontem e reconheço: fiz mal em não o ter visto na devida altura. Trata-se de uma comédia negra brilhante, fabulosamente escrita, visualmente forte e que nem a presença da horrenda Renee Zellweger consegue estragar. Para aqueles que não viram, eis a sinopse: Betty (Renee Zellweger), empregada sem histórias do diner de uma cidadezinha do Kansas, é espectadora devota e admiradora fanática do herói de uma soap televisiva, um cardiologista lindíssimo. Depois de assistir a uma cena sangrenta envolvendo o marido e dois estranhos gangsters (Morgan Freeman e Chris Rock, ambos excelentes), Betty fica em choque e começa a confundir a realidade com a soap que segue todos os dias. Escapa-se para Los Angeles e vai à procura do "cardiologista", por quem se descobre apaixonada. Quando sabem que Betty é uma testemunha do crime, e que deverá estar, embora sem o saber, na posse do que eles andam à procura, os gangsters não têm outro remédio senão tentar descobrir o paradeiro de Betty.
Nurse Betty não é apenas uma crítica inteligente dos mecanismos da sociedade do espectáculo. É igualmente uma reflexão sobre a possibilidade do amor e a fragilidade do humano num mundo hostil, onde nada é o que parece. Todos os diálogos podem ser lidos a vários níveis, numa complexidade travestida de simplicidade que não deixa nunca de surpreender e interpelar o espectador.
Eis o nome do realizador: Neil LaBute. Dele tinha visto In the company of men, um primeiro filme, outra comédia amarga sobre a bestialidade do homem, simpática mas sem centelha. Espero que ele consiga terminar Vapor, o filme que tenta preparar neste momento, mas cujas filmagens têm sido sucessivamente adiadas, provavelmente por falta de financiamento.
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