<$BlogRSDUrl$>

quinta-feira, julho 22, 2004

Material boy
A sério que tinha pensado fazer um post sobre o Fahrenheit 9/11, que vi no outro dia, mas falta-me a pachorra. Por um lado, o filme, que não é grande coisa, merece poucos comentários, pelo menos do ponto de vista cinematográfico. Para quem tenha mais pachorra que eu, deixo-vos links para o guru anti-Mike e estas respostas com aqueles pormenorezinhos factuais todos a que o pessoal dos blogs sérios dá grande importância. Por outro lado, estou quase a ir de férias e não consigo neste momento pensar noutra coisa. Nisso e no trabalho que ainda me falta fazer antes. Até lá mais pró fim do Verão, pessoal. Fiquem bem.

Yesss
E agora, especialmente dedicado a este pessoal, um blog novinho em folha!

terça-feira, julho 20, 2004

Portugal, complicado?
Não exageremos, caros amigos. Existem países muito mais complicados que Portugal. Exemplos? Dou-vos já a seguir uma pequena resenha histórica sobre a Transnistria, uma região da Moldova que tive que estudar recentemente por motivos profissionais.
Criado em 1360 por secessão da Hungria, o principado da (então) Moldávia cai em 1456 sob domínio otomano, que dura vários séculos. Até à guerra entre Russos (e seus aliados austríacos) e Turcos. Com o Tratado de paz de 1791, que põe fim à primeira guerra turco-russa, a Rússia obtém o controlo de uma estreita faixa na margem esquerda do rio Dniestr, região com forte proporção de populações eslavas. O Tratado de Bucareste de 1812, que põe fim à segunda guerra turco-russa, inclui no Império Russo toda a parte oriental da Moldávia, entre os rios Dniestr e Prout, sob o nome de Bessarábia. O sul desta região começa a ser povoado por búlgaros e gagaúzes (etnia turcófona cristã). Depois da guerra da Crimeia (1854-1856), os russos, derrotados, são obrigados a ceder aos vencedores, nos termos do Tratado de Paris de 1856, uma parte da Bessarábia, que integrará o Reino da Roménia, criado em 1859. Porém, pelo Tratado de Berlim (1878), a Bessarábia é dada de novo à Rússia (a Roménia obtém em troca a Dobroudgia). Em Janeiro de 1918, aproveitando as convulsões da Rússia agonizante, a Roménia ocupa a Bessarábia. Mas não a totalidade, porque a margem esquerda do Dniestr é ocupada, na mesma altura, pela Ucrânia, ao tempo independente. Em 1918, a população da região da margem esquerda do rio Dniestr é 48% ucraniana, 30% moldava, 9% russa e 8,5% judaica. Em 1924 é criada uma república autónoma moldava. Com o pacto Molotov-Ribbentrop de 1940, entre a URSS e a Alemanha nazi, a Moldávia (e a margem esquerda do Dniestr, a Transnistria) é ocupada pelos soviéticos e é criada a República Socialista Soviética da Moldávia. Em Junho de 1990, no contexto da dissolução da URSS, a Moldávia muda de nome, para Moldova (existe na Roménia vizinha uma região chamada Moldávia, para lá da Transilvânia, pátria de um tal de príncipe Vlad, que há quem diga ser também conhecido por Drácula), e declara a independência. Em Setembro de 1991, a região da margem esquerda do Dniestr, habitada maioritariamente por russófonos, ao contrário do resto da Moldova, maioritariamente romena, declara a secessão da Moldova e cria a República Moldava da Transnistria, que não é reconhecida pela comunidade internacional. Em 1992, há um conflito armado entre a Moldova independente e os separatistas da Transnistria, alegadamente armados pelos russos. Durante este conflito, o 14° Exército russo, estacionado na Moldova, luta alegadamente ao lado dos separatistas. Graças à intervenção da OSCE, é assinado um cessar-fogo em Julho de 1992. O 14° Exército permanece na Transnistria como “força de interposição”. A Transnistria continua ocupada por um regime separatista pró-russo, não reconhecido pela comunidade internacional. As negociações também continuam, no âmbito da OSCE.
Portugal, complicado? Give me a break.

É o momento
Agora que quase ninguém lê isto, posso recomeçar a fazer posts!

quarta-feira, julho 14, 2004

14 juillet
Para responder a este apelo. Sim, ainda digo Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Sem riscos.
Mundo Cão
Foi um grande erro não ver na devida altura um dos melhores filmes dos últimos anos. Comecei por desconfiar de Dogville quando ouvi falar da aposta estética radical de tudo filmar num cenário despojado, onde os locais da acção estão escritos a giz no chão. Soava-me a provocação gratuita, muito ao jeito das patetices do manifesto Dogma. Por outro lado, sempre achei Lars von Trier um cineasta interessante mas superficial de tanto fingir que é profundo. Não sou, desculpem o sacrilégio, grande fã de Breaking the Waves e Os Idiotas fazia imenso jus ao nome por ser tão idiota. Gostei de Dancer in the Dark mas pelos maus motivos: tenho esta fraqueza de gostar de dramalhões.
Até Dogville. Quando pude ver que o tal despojamento cénico não é apenas um truque intelectualóide mas uma verdadeira necessidade, sem a qual o filme não faria sentido (exemplo máximo: a sequência da violação de Grace). Que os movimentos de câmara manual típicos de von Trier são acompanhados por verdadeiros momentos de autêntica poesia visual, como é o caso de todos os planos de grua na vertical (sobretudo o último plano do filme).
Disse-se na altura que Dogville era uma fábula sobre a América. Não é. Tal como Young Americans de David Bowie (que acompanha o genérico final) não é apenas uma canção sobre jovens americanos. Dogville é sobre o Mundo tal qual o conhecemos. É sobre mim e sobre ti, sobre o nosso vizinho e a nossa família. É sobre o prazer que sentimos quando a vingança de Grace se abate sobre Dogville.
Quando o narrador se interroga, no fim do filme, se foi Grace que deixou Dogville ou Dogville que deixou Grace, nós sabemos a resposta. Só não temos é coragem suficiente para a dar.

segunda-feira, julho 12, 2004

Duas ou três coisas e uma dúvida sobre a situação política
1 – Não, não estou arrependido de ter votado Jorge Sampaio por duas vezes. Nos momentos em que o fiz, achei que era a única coisa a fazer, em função das circunstâncias da altura.
2 – Mais incompreensível que a decisão do Presidente (que se compreende, embora se possa não estar de acordo com ela) é a demissão de Ferro Rodrigues, que demonstrou (mais uma vez) ser um mau líder da oposição. Não vai deixar saudades.
3 – Daqui a dois anos (ou até talvez antes, em 2005), se verá se esta foi ou não uma boa decisão. Para já, repito, é uma decisão que se compreende. O que não se compreende é porque deixou Sampaio passar tanto tempo antes de a tomar, criando falsas expectativas na Esquerda.
Dúvidas: que disse Sampaio a Durão quando este lhe comunicou pela primeira vez que tinha um convite para ir para Bruxelas? Terá feito alguma promessa?
Esqueçam a política
Com este blog que promete. Ou não citasse um dos filmes de culto desta casa (Almost Famous) e o grande Lester, sobre quem fiz este post há uns tempos (descer até 23 de Janeiro e post "Bangs").
Pedimos desculpa pela interrupção
Sim, desculpas por esta grande interrupção depois de uns dias de muitas outras coisas a acontecer. E ainda não sei se me apetece blogar depois de ter lido, nos meus blogs habituais, tanta asneira sobre a decisão presidencial e a situação política. O melhor se calhar é meter-me outra vez de quarentena e sugerir que leiam esta. O quê, também está de quarentena? Que chatice...

This page is powered by Blogger. Isn't yours?