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sábado, junho 05, 2004

O dia a seguir ao dia de depois de amanhã do dia...
É uma das minhas fraquezas: adoro filmes catástrofe. Quando toda a gente se ria de A Torre do Inferno e gozava com o Terramoto (lembram-se do sensurround?), lá ia o AC, quase envergonhado, ir ver tais xaropadas. Não vou sequer dar aqui a desculpa intelectual do interesse do filme catástrofe como elemento perturbador, com ressonâncias éticas e épicas, da ordem estabelecida. Nada disso. Eu curto mesmo filmes catástrofe, com efeitos especiais e isso tudo. Por isso fiquei todo contente quando o meu filho mais velho me disse que queria ir ver o tal dia depois do amanhã do dia de… enfim, aquilo da onda a engolir Nova Iorque. Portanto lá fomos nós ver o filme, devidamente acompanhados das obrigatórias pipocas. E devo dizer: curti. Grandes cenas de ciclones a destruírem Los Angeles, a tal onda gigante a inundar Nova Iorque, super-petroleiros a passar na 5ª Avenida. Depois de todas estas peripécias, só faltava mesmo que o grupinho dos habituais espertos, que decidem não se armar em carapaus de corrida e enfrentar a morte certa, conseguisse sobreviver numa Biblioteca … queimando livros para não arrefecer. A dada altura, um dos gajos quer salvar um livro do Nietzsche mas finalmente decide-se pela Bíblia. O resto vai tudo queimado. Quanto a mim, já sei o que fazer se algum dia enfrentar a nova Era Glaciar, como prevê o filme. Refugio-me na Cinemateca e desato a queimar a película dos filmes deste realizador.
PS: não posso no entanto deixar passar em claro que se trata de um filme subversivo. Primeiro, todas as desgraças acontecem porque os americanos não querem respeitar o Protocolo de Quioto; que esta coisa da poluição possa afectar o clima costuma enfurecer os blogs da direita, como sabem. Mas a cena mais gostosa é quando os americanos assustadíssimos tentam entrar no México para se salvar. E é ver os mexicanos a vigiar a fronteira para os americanos não passarem, enquanto o presidente do México não chega a acordo com os gringos. Finalmente, eles lá chegam a acordo, que é assim: os gringos perdoam a dívida ao México e podem assim safar o coirão. Não é lindo?
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