terça-feira, junho 01, 2004
Nem tudo está perdido
É o que primeiro se me oferece dizer depois de ter visto Kill Bill Vol. II. Como sabem (e se não sabem é igual), deixei aqui em Dezembro de 2003 uma apreciação muito crítica do Vol. I, que eu achava ser um filme falhado. O Vol. II é obviamente ligeiramente melhor por uma razão simples: é mais escrito. Sabemos que um dos trunfos de Tarantino é a escrita dos diálogos, cujo ritmo e originalidade davam um charme muito especial aos filmes anteriores a Kill Bill. O Vol. I sofria (também) de um défice de escrita, defeito que o Vol. II vem, de alguma maneira, colmatar. Penso que este segundo opus não redime o filme, que continua a ser falhado. Mas existem pelos menos duas cenas que me fazem acreditar que Tarantino não perdeu completamente o jeito.
O primeiro desses momentos tem a ver com a tal escrita. A fabulosa cena em que Bill expõe à Noiva a sua teoria sociológica do Super-Homem está muito bem escrita. E, já agora, muito bem dita, que um bom diálogo sem actores à altura de pouco serve.
O segundo momento tem a ver com a narrativa visual, em que Tarantino é quase tão bom como Hitchcock. Quando a Noiva é enterrada viva, a certa altura o ecrã fica totalmente negro e continuamos a seguir a cena unicamente pelos sons. Não existem actualmente muitos cineastas que consigam transmitir um tal clima de angústia claustrofóbica usando apenas um ecrã totalmente negro e alguns sons. É um grande momento de cinema, daqueles que só se desfrutam plenamente na sala escura e não no ecrã de televisão.
E depois vem o principal. Como tinha feito com Travolta há dez anos, Tarantino ressuscita David Carradine, que é simplesmente fabuloso (a Uma também não está mal, há que reconhecê-lo).
Para além disto, o Vol. II sofre dos mesmos defeitos que o Vol. I: argumento indigente, hemoglobina despropositada e engano original: dar a entender ao espectador que tem alguma coisa para lhe dar quando de facto nada tem.
Sejamos no entanto generosos e demos ao Quentin mais uma oportunidade. Sobretudo agora, que ele está quase a acabar o argumento de Inglorious Bastards, que será… um filme 2ª Guerra Mundial, um género que tem andado esquecido, com a honrosa excepção de Spielberg (e Saving Private Ryan, que no entanto era fraquinho).
É o que primeiro se me oferece dizer depois de ter visto Kill Bill Vol. II. Como sabem (e se não sabem é igual), deixei aqui em Dezembro de 2003 uma apreciação muito crítica do Vol. I, que eu achava ser um filme falhado. O Vol. II é obviamente ligeiramente melhor por uma razão simples: é mais escrito. Sabemos que um dos trunfos de Tarantino é a escrita dos diálogos, cujo ritmo e originalidade davam um charme muito especial aos filmes anteriores a Kill Bill. O Vol. I sofria (também) de um défice de escrita, defeito que o Vol. II vem, de alguma maneira, colmatar. Penso que este segundo opus não redime o filme, que continua a ser falhado. Mas existem pelos menos duas cenas que me fazem acreditar que Tarantino não perdeu completamente o jeito.
O primeiro desses momentos tem a ver com a tal escrita. A fabulosa cena em que Bill expõe à Noiva a sua teoria sociológica do Super-Homem está muito bem escrita. E, já agora, muito bem dita, que um bom diálogo sem actores à altura de pouco serve.
O segundo momento tem a ver com a narrativa visual, em que Tarantino é quase tão bom como Hitchcock. Quando a Noiva é enterrada viva, a certa altura o ecrã fica totalmente negro e continuamos a seguir a cena unicamente pelos sons. Não existem actualmente muitos cineastas que consigam transmitir um tal clima de angústia claustrofóbica usando apenas um ecrã totalmente negro e alguns sons. É um grande momento de cinema, daqueles que só se desfrutam plenamente na sala escura e não no ecrã de televisão.
E depois vem o principal. Como tinha feito com Travolta há dez anos, Tarantino ressuscita David Carradine, que é simplesmente fabuloso (a Uma também não está mal, há que reconhecê-lo).
Para além disto, o Vol. II sofre dos mesmos defeitos que o Vol. I: argumento indigente, hemoglobina despropositada e engano original: dar a entender ao espectador que tem alguma coisa para lhe dar quando de facto nada tem.
Sejamos no entanto generosos e demos ao Quentin mais uma oportunidade. Sobretudo agora, que ele está quase a acabar o argumento de Inglorious Bastards, que será… um filme 2ª Guerra Mundial, um género que tem andado esquecido, com a honrosa excepção de Spielberg (e Saving Private Ryan, que no entanto era fraquinho).
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