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sábado, maio 08, 2004

Ser anti-comunista primário é algo que entrou na vulgaridade dos dias de hoje. Já não fica mal! Em certos circulos até pelo contrário. Há quem diga a amigos comunistas que não é nada de pessoal. Deles (dos amigos) os anti-comunistas primários até gostam. Imagina-se que, por saberem que não comem criancinhas a qualquer refeição do dia! Então porque é que ser anti-americano (dos EUA, entenda-se) primário ou anti-israelita primário parece ser um crime de lesa majestade? Eu sinto-me cada vez mais próximo desse atributo. Tal como os anti-comunistas primários a que me referi há pouco. Tenho amigos americanos (israelitas infelizmente não). Partilho de muitos dos prazeres e mitos norte-americanos. Adoro Nova Iorque e São Francisco. Gosto da extensão road movie do país. Sinto-me em casa no cosmopolitismo e misogenia típicos dos EUA. Partilho da dor dos judeus antes, durante e depois do fenómeno nazi. O cristianismo, apesar de tudo, oferece-me ainda hoje referências humanistas e culturais. Mas a barbárie actual, seja ela bélica seja cultural é qualquer coisa que me deixa mal disposto. Ainda há pouco tempo a queda de um muro simbolizou o renascimento da utopia. Hoje novos muros se constroem e em sentido literal. O país que supostamente defende a paz mundial é representado por energúmenos para quem os direitos humanos são apenas uma treta qualquer de uns países Europeus. Gosto muito (provavelmente é o único de que gosto) do cartaz do Bloco de Esquerda, com uma foto a quatro e intitulado "Eles mentem! Eles perdem!". Assim seja. Por mim será!
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