quinta-feira, abril 29, 2004
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É o título de um livro da Naomi Klein, mais uma vagabunda de Porto Alegre (como diria este). Uma grande parte do livro é dedicada à técnica da marca, essencial no capitalismo contemporâneo. Pessoalmente, e essa é a razão deste post, prometido há algum tempo (ver o post "Correio dos Leitores" de 19/4/04), nada tenho contra as marcas, e não me parece que venha grande mal ao mundo só porque o meu filho tem umas sapatilhas Nike (não obstante o argumento da Naomi de que estamos assim a contribuir para a perpetuação da exploração dos trabalhadores das fábricas destas marcas no Terceiro Mundo e para o aumento da taxa de desemprego dos trabalhadores do mundo industrializado: vejo algum valor neste argumento, mas por outro lado vem-me à memória uma frase batida pelo maradona aqui há uns tempos – cito de memória que não tenho pachorra para ir à procura do post – em que ele dizia que se é necessário os portugueses perderem algum nível de vida para melhorar o dos chineses, assim seja; e fecho aqui o parêntesis, que estas coisas são muito complicadas para a minha cabecinha ociosa e pouco pensadora). Mas venho aqui defender a legitimidade moral da ciganada que anda por aí a vender Lacostes, Gants e quejandos de refugo, bem como dos vietnamitas e chineses que fabricam as tais falsificaçõezinhas a 10 euros a peça. Então os gajos da Vuitton e da Gucci podem ganhar milhares de milhões por ano só porque tiveram a ideia de pôr umas letras pindéricas nas malinhas das senhoras e o Zé Quinze da Feira de Carcavelos não pode vender uma malinha falsa de qualidade ligeiramente inferior e preço vinte vezes mais baixo (e fazendo prova por vezes de uma originalidade assinalável, como aconteceu a um amigo meu que comprou em Roma para a mãe uma malinha Vuitton - falsa, claro - em que lá dentro vinha uma etiqueta Gucci, o que deixou a mãe ainda mais feliz? Afinal de contas, era uma espécie de "dois em um")? Só por isto já seria imoral ser contra as falsificações das marcas. Mas o que é verdadeiramente vergonhoso é que as autoridades se permitam apreender camiões inteirinhos destas falsificações para impedir o consumidor de beneficiar de uma peçazinha de marca a preço de amigo e assim aumentar a sua auto-estima. Com que direito impede a Lacoste que outro gajo qualquer se lembre de bordar um crocodilo nas cuecas, por exemplo (independentemente de ser um pouco roto bordar seja o que for nas cuecas, mas enfim...)? Vivam, portanto, as falsificações e quem as apoiar. E, leitor amigo, se por acaso te lembrares de argumentar com os copyrigths, os trademarks e a protecção da propriedade intelectual, justa retribuição do esforço intelectual e de design, desde já aviso: esse capítulo do Direito Comercial varreu-se-me completamente da memória. Devo ter estudado por uma sebenta falsificada...
É o título de um livro da Naomi Klein, mais uma vagabunda de Porto Alegre (como diria este). Uma grande parte do livro é dedicada à técnica da marca, essencial no capitalismo contemporâneo. Pessoalmente, e essa é a razão deste post, prometido há algum tempo (ver o post "Correio dos Leitores" de 19/4/04), nada tenho contra as marcas, e não me parece que venha grande mal ao mundo só porque o meu filho tem umas sapatilhas Nike (não obstante o argumento da Naomi de que estamos assim a contribuir para a perpetuação da exploração dos trabalhadores das fábricas destas marcas no Terceiro Mundo e para o aumento da taxa de desemprego dos trabalhadores do mundo industrializado: vejo algum valor neste argumento, mas por outro lado vem-me à memória uma frase batida pelo maradona aqui há uns tempos – cito de memória que não tenho pachorra para ir à procura do post – em que ele dizia que se é necessário os portugueses perderem algum nível de vida para melhorar o dos chineses, assim seja; e fecho aqui o parêntesis, que estas coisas são muito complicadas para a minha cabecinha ociosa e pouco pensadora). Mas venho aqui defender a legitimidade moral da ciganada que anda por aí a vender Lacostes, Gants e quejandos de refugo, bem como dos vietnamitas e chineses que fabricam as tais falsificaçõezinhas a 10 euros a peça. Então os gajos da Vuitton e da Gucci podem ganhar milhares de milhões por ano só porque tiveram a ideia de pôr umas letras pindéricas nas malinhas das senhoras e o Zé Quinze da Feira de Carcavelos não pode vender uma malinha falsa de qualidade ligeiramente inferior e preço vinte vezes mais baixo (e fazendo prova por vezes de uma originalidade assinalável, como aconteceu a um amigo meu que comprou em Roma para a mãe uma malinha Vuitton - falsa, claro - em que lá dentro vinha uma etiqueta Gucci, o que deixou a mãe ainda mais feliz? Afinal de contas, era uma espécie de "dois em um")? Só por isto já seria imoral ser contra as falsificações das marcas. Mas o que é verdadeiramente vergonhoso é que as autoridades se permitam apreender camiões inteirinhos destas falsificações para impedir o consumidor de beneficiar de uma peçazinha de marca a preço de amigo e assim aumentar a sua auto-estima. Com que direito impede a Lacoste que outro gajo qualquer se lembre de bordar um crocodilo nas cuecas, por exemplo (independentemente de ser um pouco roto bordar seja o que for nas cuecas, mas enfim...)? Vivam, portanto, as falsificações e quem as apoiar. E, leitor amigo, se por acaso te lembrares de argumentar com os copyrigths, os trademarks e a protecção da propriedade intelectual, justa retribuição do esforço intelectual e de design, desde já aviso: esse capítulo do Direito Comercial varreu-se-me completamente da memória. Devo ter estudado por uma sebenta falsificada...
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