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segunda-feira, abril 26, 2004

Balanço de mais um GAR

Fechou mais um GAR ontem em Gouveia perto das 22 horas! E que GAR! Vale a pena deixar aqui algumas notas especialmente dedicadas àqueles que não lá estiveram e que, com certeza, no próximo ano irão ocupar as poucas cadeiras que ainda restavam na edição deste ano. A música progressiva (ou o art rock!) esteve presente em algumas das suas diversas sensibilidades, atraindo portanto vários públicos que caracterizam o ecletismo típico destes eventos.

Primeiro dia! Abertura com os portugueses Forgotten Suns (descendentes da facção Marillion do progressivo contemporâneo) com um espectáculo cénico aparentemente cuidado (percebemos depois que foi improviso, o que só lhe deu mais valor). Apresentação integral do novo album "Snooze" com uma oferta as aficcionados mesmo no fim de uma canção do album anterior, em encore. Os FS estão mais pesados, mas também mais seguros. Apesar de não ser a minha onda há que dizer que cumpriram!

Seguiram-se os Periferia del Mondo, italianos, uma banda de músicos mais ou menos virtuosos (em particular o saxofonista e líder da banda), que apresentaram um jazz-rock (ou fusão como hoje se chama) com elementos sinfónicos, recordando aqui e acolá várias bandas italianas dos anos 70 e fazendo algumas pontes com a fusão norte-americana. Boa surpresa, já que ao vivo resultam muito melhor que em disco. Apesar de tudo sentia-se por vezes algum excesso de tecnicidade e virtuosismo, em prejuízo da emoção e espontaneadade. De qualquer forma um momento alto do GAR 2004.

Para fechar a noite tivémos uma "chuva de estrelas" lideradas por Richard Sinclair, mítico baixista de Canterbury que passou por exemplo pelos Hatfield & the North e pelos Camel. Por lá estiveram também Andy Ward (ex-Camel) e Phil Miller (que também passou pelos Hatfield & the North e pelos National Health, por exemplo). Foi um momento mágico que infelizmente não resultou no seu pleno pelas notórias dificuldades de Andy Ward acompanhar os seus companheiros de banda e por irritantes interrupções sonoras que se mantiveram até ao final do concerto. De qualquer forma há que salientar o que foi bom, que foi tudo o resto. Sinclair continua em grande forma (tal como Phil Miller e os restantes acompanhantes) e indubitavelmente Canterbury encontrou Gouveia no Sábado passado.

Segundo dia! A abrir a surpresa Fernando Guiomar, exímio guitarrista e compositor que tem estado muito envolvido no brilhante projecto de fusão progressiva acústica português Trape-Zape. Só no palco, enfrentou o público com a serenidade que só os grandes músicos conseguem. Para além de ter apresentado uma longa peça que integrará o novo album dos Trape-Zape, ofereceu dois bombons ao GAR 2004: as suas interpretações (mais do que meros covers) do Horizons de Steve Hackett e do Mood for a Day de Steve Howe! Um dos grandes momentos do evento.

Segue-se uma nova banda italiana - La Torre del Alchimista - que posiciona as suas influências no rock sinfónico italiano dos anos 70 matizado pelo classicismo do seu mentor e líder, óbvio seguidor da escola Keith Emerson. Competentes, mas sem mais virtuosos. Mais um concerto bem tocado, com boas músicas mas que também pecou pela falta de espontaneade e, neste caso concreto, por alguma limitação dos seus músicos (com a excepção já referida). Nota positiva de qualquer forma.

Finalmente a fechar o grande momento deste GAR 2004. Os suecos Isildurs Bane encheram a noite com o seu som limpo, energético, alternativo ao prog clássico e que parece ser o futuro do novo (que não "neo") progressivo. A presença em palco foi fabulosa, fazendo lembrar ao escriba (embora em universos musicais não tão próximos quanto uma primeira observação poderá levar a concluir) o concerto dos também suecos Anekdoten em Orthez, em 2003. O único senão terá sido a solução que encontraram para as vozes do seu último album e, consequentemente, de uma parte importante do concerto. Alguém dizia que ali fazia falta era o Mike Patton ou o Andrian Belew. Mas, mais uma vez, também esta falha não retirou a competência e (aqui sim) a emoção de uma banda que já vive nos arredores do Olimpo.

Antes, durante e depois aconteceram vários eventos e encontros de que não vou dar muito detalhe, com duas excepções. A primeira foi o lançamento do DVD relativo ao GAR 2003. Para comprar pergunte aqui por exemplo. Para além de alguns extras simpáticos, o DVD oferece fundamentalmente excertos importantes dos dois grandes concertos da edição do ano passado: Nil e La Maschera di Cera! A não perder!

O segundo foi o lançamento do álbum e da banda portuguesa (nascida algures no seio e por causa da Portugal Progressivo Associação Cultural), Mispel Bellyful. Um projecto da responsabilidade de Fred Lessing, Vasco Patrício e Paulo Chagas, escrito por entre as malhas da internet e que resulta numa lufada de ar fresco no panorama musical português. Como o apresentador referiu na altura: o projecto musical português no universo alternativo/progressivo mais sexy dos últimos anos!

Em conclusão: um excelente fim de semana progressivo e que promete a continuidade que esta música e o seu público merecem e exigem!

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