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segunda-feira, dezembro 01, 2003

Quatro razões pelas quais o quarto filme de Q. Tarantino é um filme falhado (vol. II)
Como sei que todos estavam ansiosos por descobrir, eis as duas razões que restam para saber porque é que o quarto filme de Quentin Tarantino é um filme falhado.

3. A violência
Não sou um moralista e oponho-me ao famoso V-chip. Não sou dos que pensam que os assassinos de Columbine tivessem massacrado vários inocentes por causa de terem visto o Matrix. A violência faz parte da vida e portanto também do cinema. É a representação da violência que é importante. Em Kill Bill, a violência é caricatural e escapa por isso às eventuais críticas de estetização, ao contrário do que acontecia por exemplo em Fight Club. A opção "hemoglobinar" de Tarantino, no entanto, parece-me demasiado feérica e pirotécnica. Decapitações, membros decepados, longos esguichos de sangue, o espectador tem direito a tudo. O espírito da coisa é, claro, muito banda desenhada, mas depois do 25° braço cortado e de mais uns intestinos de fora, começa a cansar. E acaba por ser demasiado caricatural. Em resumo: o motivo de eu não gostar de Kill Bill não é o facto de ele ser demasiado violento, mas o da representação dessa violência ser demasiado absurda e caricatural. Aceito-a numa animação manga (é também por isso que a sequência animada é a minha preferida, como já referi) não num filme, ainda por cima de Tarantino, que nos deu algumas das mais belas cenas de violência do cinema dos últimos anos (pense-se por exemplo na orelha cortada de Reservoir Dogs ou na cena de sodomia de Pulp Fiction).

4. Os pés da Uma Thurman
Última razão. Até concebo que haja uma certa dignidade em não contratar uma feetmodel para dobrar os pés da Uma Thurman. E, sejamos magnânimos, até cola bem com a história(?). Mas dar-nos longuíssimos grandes planos dos pés mais feios do mundo, ao lado dos quais os pés dos hobbits de Peter Jackson parecem ser da Giselle Bundchen, abate qualquer um. Eu não resisti e tive que fechar os olhos.
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