quinta-feira, dezembro 18, 2003
Post pré Natal
Os filmes de culto são uma categoria engraçada. Porque muitas vezes nem serão aqueles que mais admiramos de um ponto de vista puramente cinematográfico. Isto a propósito da prenda pré Natal que me deu a E., que aliás desdenha em absoluto a minha paixão pela série B. There’s something about Mary, dos horríveis irmãos Farrelly, é um dos meus filmes de culto. Lembro-me de ter visto o trailer no cinema e ter então mais uma vez lamentado o cinema indigente que se faz actualmente: aí estava um filme que seguramente eu não iria ver. Apanhei-o mais tarde por acaso na televisão e o genérico inicial, com os dois músicos cantando a canção que será o leit-motiv de todo o filme em cima de uma árvore e filmados em contre-plongée, prendeu-me imediatamente. Quando cheguei ao fim, sabia que não tinha visto uma obra-prima, mas estava em estado de graça. Depois disso vi-o mais algumas vezes e continuo a adorá-lo. Não sei se os Farrelly são uns grandes cineastas (aliás Me, myself and Irene e Shallow Hal são bem menos interessantes que Mary, ao contrário de Dumb and Dumber) mas neste filme são os dignos herdeiros de uma tradição, a comédia burlesca, que vem desde Buster Keaton e os irmãos Marx. A minha sequência preferida, que me faz invariavelmente rir até às lágrimas, demonstra todas as qualidades deste filme: Matt Dillon, depois de ter drunfado, talvez em demasia, o cão da amiga de Cameron Diaz, tenta acordá-lo com massagens cardíacas. Nesta cena, tudo é perfeito: os actores, o ritmo, a montagem, a música, os diálogos. Não dura mais de dois minutos, mas dá uma lição de cinema a qualquer pretendente a realizador. Como em todas as comédias burlescas, é a mistura da iconoclastia (as cenas escatológicas, o tratamento politicamente incorrecto dos deficientes) com os bons sentimentos (o verdadeiro amor, a amizade sincera), e em sábia dosagem, que seduz o espectador. Eis algumas das razões pelas quais este seria um dos filmes que, estando muito longe de ser uma obra-prima, eu levaria para a ilha deserta.
Os filmes de culto são uma categoria engraçada. Porque muitas vezes nem serão aqueles que mais admiramos de um ponto de vista puramente cinematográfico. Isto a propósito da prenda pré Natal que me deu a E., que aliás desdenha em absoluto a minha paixão pela série B. There’s something about Mary, dos horríveis irmãos Farrelly, é um dos meus filmes de culto. Lembro-me de ter visto o trailer no cinema e ter então mais uma vez lamentado o cinema indigente que se faz actualmente: aí estava um filme que seguramente eu não iria ver. Apanhei-o mais tarde por acaso na televisão e o genérico inicial, com os dois músicos cantando a canção que será o leit-motiv de todo o filme em cima de uma árvore e filmados em contre-plongée, prendeu-me imediatamente. Quando cheguei ao fim, sabia que não tinha visto uma obra-prima, mas estava em estado de graça. Depois disso vi-o mais algumas vezes e continuo a adorá-lo. Não sei se os Farrelly são uns grandes cineastas (aliás Me, myself and Irene e Shallow Hal são bem menos interessantes que Mary, ao contrário de Dumb and Dumber) mas neste filme são os dignos herdeiros de uma tradição, a comédia burlesca, que vem desde Buster Keaton e os irmãos Marx. A minha sequência preferida, que me faz invariavelmente rir até às lágrimas, demonstra todas as qualidades deste filme: Matt Dillon, depois de ter drunfado, talvez em demasia, o cão da amiga de Cameron Diaz, tenta acordá-lo com massagens cardíacas. Nesta cena, tudo é perfeito: os actores, o ritmo, a montagem, a música, os diálogos. Não dura mais de dois minutos, mas dá uma lição de cinema a qualquer pretendente a realizador. Como em todas as comédias burlescas, é a mistura da iconoclastia (as cenas escatológicas, o tratamento politicamente incorrecto dos deficientes) com os bons sentimentos (o verdadeiro amor, a amizade sincera), e em sábia dosagem, que seduz o espectador. Eis algumas das razões pelas quais este seria um dos filmes que, estando muito longe de ser uma obra-prima, eu levaria para a ilha deserta.
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