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quarta-feira, dezembro 03, 2003

América
Caro David,
Para mim, não se coloca a questão de me orgulhar ou não da nossa dependência da iconografia americana. Limito-me a constatá-la. Daí que, desse ponto de vista, não seja importante que menos de 50% dos americanos tenham votado em Bush (até porque se poderia dizer ser assim em todas as democracias liberais; mas essa é outra conversa, que ficará para outro dia). O que me interessa na América é a utopia, ou melhor, a utopia realizada. E muito melhor que eu di-lo Jean Baudrillard, num pequeno livrinho já velhinho mas ainda actual que encontras em tradução portuguesa, embora o link para a Amazon mais abaixo se refira a uma tradução inglesa, pois não consegui encontrar on line nem a tradução portuguesa nem o original francês (desculpem a longa citação):
"Os Estados Unidos, a utopia realizada. Não se deve julgar a crise deles como a nossa, crise de velhos países europeus. A nossa é a de ideais históricos que se defrontam com a sua realização impossível. A deles é a da utopia realizada confrontada com a sua duração e com a sua permanência. A convicção idílica dos Americanos de serem o centro do mundo, o poder supremo e o modelo absoluto não é falsa. E não se baseia tanto nos recursos, técnicas e armas como no pressuposto miraculoso de uma utopia encarnada, de uma sociedade que, com uma candura que se pode julgar insuportável, se institui sobre a ideia de que é a realização de tudo aquilo com que os outros sonharam – justiça, abundância, direito, riqueza, liberdade: sabe-o, acredita, e os outros também acabam por acreditar."
América, Jean Baudrillard, João Azevedo Editor, 1989

Falarei (também) disso quando postar umas pequenas notas sobre uma "heroína" do momento: Jessica Lynch. Mas isso fica para amanhã.
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