quinta-feira, novembro 20, 2003
Reload
Aqui há uns tempos o Blog de Esquerda fez o obséquio de publicar um pequeno texto que eu tinha feito sobre o "Matrix Reloaded". Rezava assim:
"Matrix Reloaded : Ctrl+Alt+Del ? Hoje, com a vossa amável permissão, cinema, pois fui finalmente ver o Matrix Reloaded. Pois é. O Espigas já o adivinhara. Parece que está na moda dizer mal do Matrix Reloaded. Não sei se está se não mas se está, permita-se-me dizer: com razão, que ele merece. É verdade que o Matrix original deixara a fasquia muito alta. A sábia mistura, em doses certas, de ciberliteratura e kung-fu, mitologia e Rage Against The Machine, polvilhada de inovações visuais e efeitos choque, funcionou como um murro no estômago. Tínhamos filme e realizadores, como de resto "Bound", excelente, já deixava adivinhar. Como resolver pois a equação, sobretudo depois de um número infinito de filmes, sérios e menos sérios, terem repetido e imitado até à exaustão as inovações matrixianas? Os irmãos resolveram-na pela surenchère: mais kung-fu, mais bullet time, mais explosões e, ó miséria, mais filosofia de bairro. Onde o Keanu, talvez o actor mais inexpressivo do mundo, encaixava por isso mesmo perfeitamente no primeiro Matrix, agora até mete dó vê-lo a olhar para a Carrie Ann com aqueles olhinhos que se pretendem apaixonados. Onde as cenas de kung-fu, sobretudo o épico combate no metro com o agente Smith, nos cortavam a respiração, agora adormecemos enquanto os 150 clones Smith (diga-se de passagem que Hugo Weaving é excelente) apanham porrada até dizer chega do Keanu. E depois o cúmulo: a rave em Zion, se bem que inspirada, quer-me parecer, na já célebre cena da orgia de "Eyes wide shut", é mais anúncio ao Martini que verdadeiro cinema e chega a ser francamente ridícula. Mas, esperem, há pior. O Lambert Wilson?!? Às vezes, o cabotinismo até pode ser giro, mas há paciência para aquele overacting perfeitamente anormal do pobre Lambert? Quanto à Monica, passeia a plástica, o que já não é nada mau. Resta a sequência da auto-estrada, sem dúvida tecnicamente irrepreensível e visualmente poderosa. Mas lá chega o Keanu, que até já voa à Superman e tudo, com o bracinho esticado, para salvar o pessoal. Infelizmente, não salva o filme. Não se pode fazer reboot?"
Agora que o "Revolutions" saiu, sinto-me obrigado a dizer o que penso sobre ele. Em breve, num blog perto de si.
Aqui há uns tempos o Blog de Esquerda fez o obséquio de publicar um pequeno texto que eu tinha feito sobre o "Matrix Reloaded". Rezava assim:
"Matrix Reloaded : Ctrl+Alt+Del ? Hoje, com a vossa amável permissão, cinema, pois fui finalmente ver o Matrix Reloaded. Pois é. O Espigas já o adivinhara. Parece que está na moda dizer mal do Matrix Reloaded. Não sei se está se não mas se está, permita-se-me dizer: com razão, que ele merece. É verdade que o Matrix original deixara a fasquia muito alta. A sábia mistura, em doses certas, de ciberliteratura e kung-fu, mitologia e Rage Against The Machine, polvilhada de inovações visuais e efeitos choque, funcionou como um murro no estômago. Tínhamos filme e realizadores, como de resto "Bound", excelente, já deixava adivinhar. Como resolver pois a equação, sobretudo depois de um número infinito de filmes, sérios e menos sérios, terem repetido e imitado até à exaustão as inovações matrixianas? Os irmãos resolveram-na pela surenchère: mais kung-fu, mais bullet time, mais explosões e, ó miséria, mais filosofia de bairro. Onde o Keanu, talvez o actor mais inexpressivo do mundo, encaixava por isso mesmo perfeitamente no primeiro Matrix, agora até mete dó vê-lo a olhar para a Carrie Ann com aqueles olhinhos que se pretendem apaixonados. Onde as cenas de kung-fu, sobretudo o épico combate no metro com o agente Smith, nos cortavam a respiração, agora adormecemos enquanto os 150 clones Smith (diga-se de passagem que Hugo Weaving é excelente) apanham porrada até dizer chega do Keanu. E depois o cúmulo: a rave em Zion, se bem que inspirada, quer-me parecer, na já célebre cena da orgia de "Eyes wide shut", é mais anúncio ao Martini que verdadeiro cinema e chega a ser francamente ridícula. Mas, esperem, há pior. O Lambert Wilson?!? Às vezes, o cabotinismo até pode ser giro, mas há paciência para aquele overacting perfeitamente anormal do pobre Lambert? Quanto à Monica, passeia a plástica, o que já não é nada mau. Resta a sequência da auto-estrada, sem dúvida tecnicamente irrepreensível e visualmente poderosa. Mas lá chega o Keanu, que até já voa à Superman e tudo, com o bracinho esticado, para salvar o pessoal. Infelizmente, não salva o filme. Não se pode fazer reboot?"
Agora que o "Revolutions" saiu, sinto-me obrigado a dizer o que penso sobre ele. Em breve, num blog perto de si.
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