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sexta-feira, novembro 21, 2003

O Chick Corea esteve em Portugal na 4ª feira passada. Passou (um pouco mais pesado é certo, mas com a sempre boa disposição e estilo que o caracterizam) pelo CCB para gáudio de uma sala cheia e por vezes vibrante (ou pelo menos segmentos dela). Tocou-nos (com uma excelente banda) um pouco de tudo. Desde coisas velhinhas dos Return to Forever (e que nos fizeram sentir saudades da voz de Flora Purim, em vez da "vozita simpática" da sua querida esposa...), passando por standards e até chegando a duas musicas (uma delas ainda sem título) compostas nas ultimas semanas... Estas ultimas deixam-nos a segurança que o génio não tem mesmo idade. O novo tema "Carroussel" foi o que mais me tocou por isso mesmo. É novo (de semanas) mas é cheio, divertido, profundo, melódico, tudo aquilo que caracteriza a musica do Chick Corea e, além de todos esses adjectivos, com imensa energia! Portanto um muito bom concerto (já é o segundo do ano nas fronteiras do jazz/fusão - o outro foi o encontro maravilhoso de Pat Metheny e Charlie Haden na mesma sala!).

No entanto, queria deixar-vos aqui um outro sentimento ("feeling"? "swing"?) que muitas vezes sinto quando vou ao CCB. Parece que metade daquela gente vai lá só por ir. Por simpatia pelo sucesso ou pelo glamour. Porque recebeu um camarote gratuito de um fornecedor. Ou porque fica sempre bem no dia seguinte comentar. Isso sente-se particularmente em espectáculos algo elitistas (um não elitista será por exemplo um concerto do Rui Veloso) em que quem a ela não pertence não vai sentir (naturalmente) nenhuma sensação particularmente emotiva e, portanto, não a transmite. Deixando uma sensação de muitas palmas e pouco calor. Provavelmente estou a exagerar e a erguer-me à posição de arrogante intelectual, avesso às massas. Só que neste caso as massas são de outro tipo. Talvez também tenha sido por ter ficado num camarote dois numeros antes do do nosso Primeiro-Ministro (ele gosta de jazz????) e detestar ir à casa de banho com os olhos dos seguranças sempre atrás de nós como se fossemos psicopatas esperando a melhor oportunidade para oferecer um aquário ao Zé Manel.


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