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sexta-feira, abril 30, 2004

Kill Bill Part 2

O verdadeiro cinéfilo não pode perder o desenlace! Nesta segunda parte o Tarantino afasta-se um pouco das lutas e aproxima-se dos diálogos naive típicos das séries dos anos 50 e 60. É certo que se continuam a ver muitas vezes os pés da UT, mas isso é o mal menor. Flash back a preto e branco dos antecedentes do massacre que levou a nossa heroína ao estado de coma. O Bill em todo o seu esplendor e cheio de argumentos filosóficos que justificam a vida de um assassino. Enfim, não posso dizer muito mais para não tirar a graça. Como documento cinematográfico é esplendoroso. Preciso urgentemente de ver o filme de seguida para perceber se de facto foi uma mera interrupção ou foram mesmo duas faces da mesma moeda. É que me parece que a primeira parte optou pelo gore e pela arte da luta. Enquanto que esta se foca nas relações e num argumento saudosista de quando era importante discutir as razões das coisas. Mas ambas as partes unidas por um conceito estético e por uma argumento linear e com poucas surpresas. A ver, urgentemente. Muitas vezes. Desta vez até o AC vai gostar!

P.S. Já me esquecia! E a banda sonora? Fabulosa! Sempre com uma luminosidade kitsch que nos envolve, recordando por exemplo o Pulp Fiction.

quinta-feira, abril 29, 2004

E ainda
Argumento adicional para o elogio da falsificação: o verdadeiro coleccionador anda sempre à procura do bootleg, não é David?
No logo
É o título de um livro da Naomi Klein, mais uma vagabunda de Porto Alegre (como diria este). Uma grande parte do livro é dedicada à técnica da marca, essencial no capitalismo contemporâneo. Pessoalmente, e essa é a razão deste post, prometido há algum tempo (ver o post "Correio dos Leitores" de 19/4/04), nada tenho contra as marcas, e não me parece que venha grande mal ao mundo só porque o meu filho tem umas sapatilhas Nike (não obstante o argumento da Naomi de que estamos assim a contribuir para a perpetuação da exploração dos trabalhadores das fábricas destas marcas no Terceiro Mundo e para o aumento da taxa de desemprego dos trabalhadores do mundo industrializado: vejo algum valor neste argumento, mas por outro lado vem-me à memória uma frase batida pelo maradona aqui há uns tempos – cito de memória que não tenho pachorra para ir à procura do post – em que ele dizia que se é necessário os portugueses perderem algum nível de vida para melhorar o dos chineses, assim seja; e fecho aqui o parêntesis, que estas coisas são muito complicadas para a minha cabecinha ociosa e pouco pensadora). Mas venho aqui defender a legitimidade moral da ciganada que anda por aí a vender Lacostes, Gants e quejandos de refugo, bem como dos vietnamitas e chineses que fabricam as tais falsificaçõezinhas a 10 euros a peça. Então os gajos da Vuitton e da Gucci podem ganhar milhares de milhões por ano só porque tiveram a ideia de pôr umas letras pindéricas nas malinhas das senhoras e o Zé Quinze da Feira de Carcavelos não pode vender uma malinha falsa de qualidade ligeiramente inferior e preço vinte vezes mais baixo (e fazendo prova por vezes de uma originalidade assinalável, como aconteceu a um amigo meu que comprou em Roma para a mãe uma malinha Vuitton - falsa, claro - em que lá dentro vinha uma etiqueta Gucci, o que deixou a mãe ainda mais feliz? Afinal de contas, era uma espécie de "dois em um")? Só por isto já seria imoral ser contra as falsificações das marcas. Mas o que é verdadeiramente vergonhoso é que as autoridades se permitam apreender camiões inteirinhos destas falsificações para impedir o consumidor de beneficiar de uma peçazinha de marca a preço de amigo e assim aumentar a sua auto-estima. Com que direito impede a Lacoste que outro gajo qualquer se lembre de bordar um crocodilo nas cuecas, por exemplo (independentemente de ser um pouco roto bordar seja o que for nas cuecas, mas enfim...)? Vivam, portanto, as falsificações e quem as apoiar. E, leitor amigo, se por acaso te lembrares de argumentar com os copyrigths, os trademarks e a protecção da propriedade intelectual, justa retribuição do esforço intelectual e de design, desde já aviso: esse capítulo do Direito Comercial varreu-se-me completamente da memória. Devo ter estudado por uma sebenta falsificada...

quarta-feira, abril 28, 2004

Esclarecimento
Este blog é obviamente umbiguista mas também se preocupa com outras partes importantes do corpo, como os tornozelos e as axilas.
Clichés
Outros blogs, como o Estrangeirados e o Memória Inventada, vêm de vez em quando perorar sobre o tema do estrangeirado ao qual eu, estrangeirado que sou, também sou sensível. Comecemos pelo cliché. O cliché é, como todas as generalizações, muito útil, quanto mais não seja por aquilo que nos diz sobre quem o utiliza e sobre quem o sofre. Quando cheguei a França, estava em curso uma publicidade a um vinho do Porto. A imagem utilizada era a de uma mulher completamente vestida de preto, com uma espécie de vestimenta de inspiração claramente árabe que era mais túnica que xaile, e lenço na cabeça. O slogan rezava, referindo-se obviamente a Portugal: "Pays où le noir est couleur". Independentemente da indigência do slogan (beurk), o que interessa aqui é referir que poderemos percorrer Portugal de lés a lés e não encontrar uma única mulher vestida como aquela que a publicidade ao vinho do Porto nos transmitia. Era claramente uma campanha concebida por uma agência francesa, que se socorreu, com alguma ignorância à mistura, dos clichés dos franceses quanto a Portugal. É certo que há cada vez mais portugueses de segunda ou terceira geração que não se distinguem já dos franceses e que desempenham as mais variadas profissões. Esse é também o discurso oficial dos próprios franceses, junto com a habitual palavra de simpatia para a emigração portuguesa, tão simpática e trabalhadora (a que contrapõem, embora com vergonha de o dizer claramente, os magrebinos). Tudo isso é verdade, mas no fundo a realidade é que o cliché, 40 anos depois da primeira vaga de emigração portuguesa, continua presente na cabeça dos franceses: o emigrante português é pedreiro se for homem e anda nas limpezas ou é a porteira do prédio se for mulher. Em ocasiões "sociais", com pessoas de várias nacionalidades, a que íamos de vez em quando, não foram poucas as vezes em que, sabendo que era portuguesa, a interlocutora da minha mulher, sobretudo se francesa, começava automaticamente a elogiar a sua mulher-a-dias, por acaso portuguesa, tão simpática, prestável e eficaz. Um dia a E. chateou-se e começou a responder "tem piada, a minha é francesa e também é óptima" (o que era – e é - verdade). Eu adorava sempre ver o ar desamparado da vítima da E., sem saber como continuar a conversa.

terça-feira, abril 27, 2004

Balanço
O David já nos deu o balanço do GAR 2004, que segundo parece foi um enorme sucesso. Felicidades para a PPAC e em especial para o seu presidente, a quem mando daqui um abraço (tenho que me fazer sócio um destes dias). Fico à espera de ouvir o álbum do último projecto do Paulo Chagas e amigos, desde já patrocinado, como se viu, aqui pelo Meridianos. Será que o encontro na FNAC de Estrasburgo, Paulo? Como vêem, caros leitores, neste blog é só boas notícias! Do Valentão ocupam-se outros...
Mispel Bellyful II

O Paulo Chagas agradece a referência e oferece-nos este link para sabermos mais coisas sobre o projecto. E eu partilho-o convosco!

segunda-feira, abril 26, 2004

Balanço de mais um GAR

Fechou mais um GAR ontem em Gouveia perto das 22 horas! E que GAR! Vale a pena deixar aqui algumas notas especialmente dedicadas àqueles que não lá estiveram e que, com certeza, no próximo ano irão ocupar as poucas cadeiras que ainda restavam na edição deste ano. A música progressiva (ou o art rock!) esteve presente em algumas das suas diversas sensibilidades, atraindo portanto vários públicos que caracterizam o ecletismo típico destes eventos.

Primeiro dia! Abertura com os portugueses Forgotten Suns (descendentes da facção Marillion do progressivo contemporâneo) com um espectáculo cénico aparentemente cuidado (percebemos depois que foi improviso, o que só lhe deu mais valor). Apresentação integral do novo album "Snooze" com uma oferta as aficcionados mesmo no fim de uma canção do album anterior, em encore. Os FS estão mais pesados, mas também mais seguros. Apesar de não ser a minha onda há que dizer que cumpriram!

Seguiram-se os Periferia del Mondo, italianos, uma banda de músicos mais ou menos virtuosos (em particular o saxofonista e líder da banda), que apresentaram um jazz-rock (ou fusão como hoje se chama) com elementos sinfónicos, recordando aqui e acolá várias bandas italianas dos anos 70 e fazendo algumas pontes com a fusão norte-americana. Boa surpresa, já que ao vivo resultam muito melhor que em disco. Apesar de tudo sentia-se por vezes algum excesso de tecnicidade e virtuosismo, em prejuízo da emoção e espontaneadade. De qualquer forma um momento alto do GAR 2004.

Para fechar a noite tivémos uma "chuva de estrelas" lideradas por Richard Sinclair, mítico baixista de Canterbury que passou por exemplo pelos Hatfield & the North e pelos Camel. Por lá estiveram também Andy Ward (ex-Camel) e Phil Miller (que também passou pelos Hatfield & the North e pelos National Health, por exemplo). Foi um momento mágico que infelizmente não resultou no seu pleno pelas notórias dificuldades de Andy Ward acompanhar os seus companheiros de banda e por irritantes interrupções sonoras que se mantiveram até ao final do concerto. De qualquer forma há que salientar o que foi bom, que foi tudo o resto. Sinclair continua em grande forma (tal como Phil Miller e os restantes acompanhantes) e indubitavelmente Canterbury encontrou Gouveia no Sábado passado.

Segundo dia! A abrir a surpresa Fernando Guiomar, exímio guitarrista e compositor que tem estado muito envolvido no brilhante projecto de fusão progressiva acústica português Trape-Zape. Só no palco, enfrentou o público com a serenidade que só os grandes músicos conseguem. Para além de ter apresentado uma longa peça que integrará o novo album dos Trape-Zape, ofereceu dois bombons ao GAR 2004: as suas interpretações (mais do que meros covers) do Horizons de Steve Hackett e do Mood for a Day de Steve Howe! Um dos grandes momentos do evento.

Segue-se uma nova banda italiana - La Torre del Alchimista - que posiciona as suas influências no rock sinfónico italiano dos anos 70 matizado pelo classicismo do seu mentor e líder, óbvio seguidor da escola Keith Emerson. Competentes, mas sem mais virtuosos. Mais um concerto bem tocado, com boas músicas mas que também pecou pela falta de espontaneade e, neste caso concreto, por alguma limitação dos seus músicos (com a excepção já referida). Nota positiva de qualquer forma.

Finalmente a fechar o grande momento deste GAR 2004. Os suecos Isildurs Bane encheram a noite com o seu som limpo, energético, alternativo ao prog clássico e que parece ser o futuro do novo (que não "neo") progressivo. A presença em palco foi fabulosa, fazendo lembrar ao escriba (embora em universos musicais não tão próximos quanto uma primeira observação poderá levar a concluir) o concerto dos também suecos Anekdoten em Orthez, em 2003. O único senão terá sido a solução que encontraram para as vozes do seu último album e, consequentemente, de uma parte importante do concerto. Alguém dizia que ali fazia falta era o Mike Patton ou o Andrian Belew. Mas, mais uma vez, também esta falha não retirou a competência e (aqui sim) a emoção de uma banda que já vive nos arredores do Olimpo.

Antes, durante e depois aconteceram vários eventos e encontros de que não vou dar muito detalhe, com duas excepções. A primeira foi o lançamento do DVD relativo ao GAR 2003. Para comprar pergunte aqui por exemplo. Para além de alguns extras simpáticos, o DVD oferece fundamentalmente excertos importantes dos dois grandes concertos da edição do ano passado: Nil e La Maschera di Cera! A não perder!

O segundo foi o lançamento do álbum e da banda portuguesa (nascida algures no seio e por causa da Portugal Progressivo Associação Cultural), Mispel Bellyful. Um projecto da responsabilidade de Fred Lessing, Vasco Patrício e Paulo Chagas, escrito por entre as malhas da internet e que resulta numa lufada de ar fresco no panorama musical português. Como o apresentador referiu na altura: o projecto musical português no universo alternativo/progressivo mais sexy dos últimos anos!

Em conclusão: um excelente fim de semana progressivo e que promete a continuidade que esta música e o seu público merecem e exigem!

sexta-feira, abril 23, 2004

GAR 2004

É JÁ AMANHÃ!

Aqui encontra tudo sobre o Gar 2004!
E aqui também!
E aqui também!
E aqui também!
E aqui também!
E aqui também!
E aqui também!
E aqui também!

P.S. Agora ninguém tem desculpa!
GAR 2004

É JÁ AMANHÃ!
A gente do norte é mais amiga!

Este é um dos argumentos dos advogados dos detidos na operação apito de ouro! E temos que concordar que é de uma eloquência e pragmatismo tremendo. Pois é! As gentes do norte (além de outras coisas) por serem mais chegadas umas às outras podem levar terceiros (nomeadamente a PJ) a tirar conclusões precipitadas sobre as motivações e o que de facto estão a presenciar. Por exemplo, se vir um dirigente e um árbitro do Norte a trocarem um rolex de ouro é porque é a ternura dos quarenta a chegar! Ou se for apanhado outro a fazer um telefonema solicitando os serviços para uma grande penalidade no último minuto se o golo não tiver aparecido entretanto, de facto está a rezar alto e como precisava de companhia telefonou a um amigo, que por acaso é árbitro e que por acaso até vai apitar o jogo a que o dirigente se refere. Depois da verborreia do Menezes sobre os sulistas, só faltava mesmo esta tirada sociológica que vai entrar desde já nos compêndios sobre o povo e os costumes desta nossa terra pátria!

quarta-feira, abril 21, 2004

Serviço Público
É o do Dicionário do Diabo, que publica a foto da nova mulher do Salman Rushdie, a modelo indiana Padma Lakshmi, sob o sugestivo título "Fuck the Nobel". Não desesperes, Poeta, que ele há modelos que não gostam só de jogadores de bola ou de barbudos com fatwas.

terça-feira, abril 20, 2004

Língua viva
Mas que as atribulações do Major não nos façam perder o nosso Latim. Pois, que eu para hoje tinha previsto um post latino. Gostava de falar com efeito de um dos meus brocardos jurídicos preferidos. Vem já do Código de Justiniano a máxima Testis unus, testis nullus, que ainda hoje se encontra em algumas legislações penais. Quer isto dizer que uma única testemunha equivale a não ter testemunha nenhuma. Com efeito, os nossos amigos romanos preocupavam-se muito com a quantidade das testemunhas. Para eles, só um facto relatado por mais de uma testemunha poderia ser juridicamente relevante. Até aqui tudo bem. E agora vejam lá que, quando, por razões profissionais, andava a pesquisar na Net umas informações jurídicas, deparei-me com uma interpretação moderna deste brocardo na qual, na minha ingenuidade, nunca tinha pensado. Como se vê aqui , esta bonita máxima pode também ser lida assim: ter um testículo é como não ter nenhum ou, como dizem os franceses, "On ne va pas loin avec une seule couille". Como devem calcular, a minha surpresa foi enorme. De facto, a etimologia "walks in mysterious ways". Não haverá aí um sapiente Causidicus (que, soube agora, se terá mudado para aqui) ou um Latinista para nos explicar tudo isto tintim por tintim?
E o Apito de Ouro goes to...
Surprendeu-me esta discrição com que a PJ levou a efeito a detenção do Major. Ir no seu próprio carro para a prisão?? Confesso que teria preferido que o fossem buscar à tribuna presidencial, no início do jogo de abertura do Euro. Isso sim, seria sentido de oportunidade.

segunda-feira, abril 19, 2004

Para todos
E pronto, chega de interdito a menores de 18 anos, que isto é um blog para toda a família!
Correio dos leitores bis
E mais correio dos leitores, desta vez da Ladyana, de cujo blog já aqui se falou. Diz-nos a Belle de Jour portuguesa (cujo nascimento é também referido pelo BdE):

"belle de jour" recorda-me sempre Catherine a Puta-burguesa, Bunuel, os
surrealistas. "Belle de Nuit" est aussi une révélation, la femme et la lumière noire de la
nuit. Em Portugal porém as luzes são muito fracas e as trevas demasiado evidentes
para que a Belle se possa desnudar até à flor da pele. Veremos."

Palpita-me que o blog da Ladyana vai ser um sucesso, sem que para tal precise de se desnudar até à flor da pele. Entretanto, assinale-se que a Ladyana criou já um sub-blog, que intitulou Bela à Noite, título que segundo ela lhe foi inspirado aqui pelo Meridianos. Se mais razões não existissem, cara Ladyana, só pela paternidade do título já teríamos que ser leitores fiéis desse diário de uma cortesã. Mesmo se isto de paternidade, sobretudo quando se trata de cortesãs, seja muito complicado!
Correio dos leitores
Ou, mais apropriadamente, spam puro e duro. Mas curioso. Recebemos no mail do Meridianos um spam que nos glorifica as qualidades, e pede para comprarmos, claro, uma "réplica genuína" de um Rolex. Réplica genuína??? Ora aqui está um conceito que abre um mundo de possibilidades. Aplicado à pintura, por exemplo, está descoberto o caminho para o acesso das massas ignaras às maravilhas da Arte. Uma "réplica genuína" de um Picasso poderá ser comprada por exemplo pelo merceeiro da esquina ou até – sonhemos – pelos sem abrigo que ajudam este a carregar os sacos do supermercado. Repare-se que não se trata aqui de simples falsificações. Réplica, sim, mas "genuína". O que muda tudo. Pelo que eu, que até sou favorável às falsificações das marcas (por razões que explicarei talvez noutro post), achei por bem alertar os nossos queridos leitores para esta inovação mercantil.

sexta-feira, abril 16, 2004

Belle de Nuit
Entretanto, descobri através do Memória este blog. Está encontrada a Belle de Jour portuguesa?

quinta-feira, abril 15, 2004

Belle de Jour
Um dos mais interessantes blogs que conheço é o Belle de Jour, que se descreve como sendo o diário de uma call girl e que tem a vantagem de ter o mesmo template que o Meridianos. Na blogosfera portuguesa não se tem falado muito do Belle de Jour, embora o Expresso da semana passada (David, deixaste esse pasquim cá em casa!) tenha um artigo onde se lhe faz uma breve referência. O interessante da história é que segundo parece anda meio mundo a tentar descobrir quem é a personagem que se esconde atrás da Belle de Jour. Por outro lado, uma editora londrina terá já dado à autora (ou autor!) do blog uma maquia interessante para passar o blog a livro (a Bomba Inteligente fez o mesmo com o Pipi mas deixou escapar esta). Não é que o Belle de Jour não tenha qualidades literárias evidentes, a que se acrescenta a vantagem de um tema obviamente aliciante, mas depois de ler uns posts, não se percebe como é que o Memória Inventada ainda não está publicado nem na corrida para o Nobel. Será o diário de um cientista em Nova Iorque menos aliciante que o de uma call girl em Londres?
Olivença bis
Ok, e quem mandamos para Olivença já rapidamente e em força? Os GNR do Iraque ou o ninja das Caldas?
Olivença

Recebi hoje o seguinte mail que transcrevo sem mais comentários:

"Grupo dos Amigos de Olivença

www.olivenca.org

Nota Informativa 04-2004

Passam, hoje, 193 anos sobre a data em que Olivença, pela última vez, viu ondear nas suas muralhas – soberana – a Bandeira Portuguesa.

Naquele 15 de Abril de 1811, decorria a Guerra Peninsular, tropas portuguesas do exército luso-britãnico levam de vencida as forças napoleónicas que anteriormente tinham desalojado da Praça o ocupante espanhol e, guarnecendo-a com soldados da 9.ª Brigada, restauram a soberania de Portugal.

Todavia, no mesmo dia, Beresford, comandante das forças anglo-lusas, cumprindo ordens de Wellesley (Duque de Wellington), apesar dos protestos das tropas portuguesas e perante o desespero dos oliventinos, determina a entrega da Praça às autoridades espanholas.

Aos oliventinos, continuando a ser portugueses na reserva dos seus corações e no recato dos lares, restou-lhes aguardar por Justiça.

Aos demais portugueses resta-lhes, sempre, exigir Justiça!

Lx., 15 de Abril de 2004.

A Direcção.
________________________

Rua Portas de S. Antão, 58 (Casa do Alentejo) - 1150-268 Lisboa

olivenca@olivenca.org"

quarta-feira, abril 14, 2004

Força Toni, Força Toni

Um curto post só para reiterar a referência abaixo ao Ninja das Caldas! É em primeiro lugar um filme para a família como o AC teve oportunidade de explicar. Além do mais foi o filme em que me foi mais fácil explicar aos meus filhos que o sangue que aparece (a rodos, diga-se de passagem) não é mesmo sangue! O mais difícil é no entanto explicar-lhes que quando encontram um cidadão brasileiro não se deve dizer "maldito brasileiro" (os nossos leitores brasileiros não devem ficar ofendidos pois os brasileiros são mesmo o mal menor do filme! um amigo brasileiro viu e riu!). Ficam as estatísticas: em 4 dias o Ninja das Caldas foi visionado 5 vezes, todos os extras foram vistos e ouvidos com toda a atenção (e são muitos), a música foi trauteada 48 horas consecutivas por um coro de 5 criancinhas e 4 menos criancinhas e, finalmente, a assistência foi internacional! Há já franceses hoje questionando da saúde mental do AC (e minha!)!!!
Balanço Pascal
A Páscoa das famílias AC e David foi marcada por várias coisas, sendo que a maior parte delas não tem nada que vir aqui para o blog. Mas há um acontecimento que não pode passar sem registo: o visionamento do DVD do mui celebrado (não, nem Os Dez Mandamentos nem A Paixão do Mel) O Ninja das Caldas, o primeiro filme ninja português, que já pôs a cidade onde nasci, as Caldas da Rainha, no circuito ninja internacional. Graças a esta maravilha da 7ª arte, cujos efeitos especiais só ficam a dever à criatividade do argumento e, talvez, à expressividade stanislavskiana do actor que interpreta o personagem principal, o ninja Toni Canelas. Verdadeiro filme de culto, O Ninja das Caldas já pôs os nossos filhos a recitar partes inteiras dos diálogos, com realce para grandes réplicas como "vem sentir a supremacia da dor", "maldito brasileiro" ou, a minha preferida, "digam-me os vossos nomes para eu vos poder matar por ordem alfabética". Uma palavra ainda para celebrar a banda sonora, uma batida tecno infernal que não deixa de ser épica e que acelera ainda mais quando o protagonista Toni Canelas, pouco antes do combate final contra o vilão, Evil Dragon de sua graça, se vira para a câmara e diz para o espectador incrédulo: "Dá-lhe DJ, que agora é sempre a abrir". Leitor amigo que lês este post, vai já a correr comprar este DVD e sente a supremacia d’O Ninja das Caldas.

PS: caro leitor penicheiro, não desesperes pois Peniche está também representado neste filme, por um vilão com forte sotaque da nossa cidade piscatória e que ameaça dar a Toni um golpe capaz de o enviar para, cito, "o Farilhão Grande".
GAR 2004

Pois é! Este ano nem quero escrever muito sobre o assunto! Sigam o link e compreenderão!

É que não é todos os anos que se consegue fazer em Portugal um festival de música alternativa - neste caso de art rock ou rock progressivo - numa pequena (mas bonita e, pelos vistos, inteligente!) cidade de província. E que esse festival sejam dois dias com um total de 6 actuações, incluindo músicos portugueses, suecos, italianos e ingleses, com uma representatividade geracional que vai dos anos 1960 aos anos 2000! Os bilhetes caminham para o esgotado, portanto, sigam o link urgentemente, consultem, reservem, vão, e voltem com um sorriso nos lábios acreditando que existe um mundo melhor! E acham que há melhor forma de comemorar a revolução? Até Gouveia!

quinta-feira, abril 08, 2004

Just a post before I go
E agora vou buscar o David ao aeroporto. E claro que o vou deixar falar francês com toda a gente.
Pescaria
O último filme do genial Tim Burton, Big Fish, terá passado relativamente despercebido em Portugal. É pena, porque mesmo quando são maus (e mau é um conceito muito relativo quando falamos de Tim Burton: O Planeta dos Macacos é o último exemplo), vale sempre a pena ir ver os filmes de Tim Burton. Porque não são assim tantos os realizadores que, como ele, conseguem dar uma dimensão poética a uma arte que tem sido tão maltratada pela imbecilização metódica. E, no entanto, nada mais longe do cinema de Tim Burton que a intelectualização. É sempre um cinema de sentimentos e emoções, que nos transportam para um mundo tão longínquo quanto próximo, tão imaginário quanto real. Esta dualidade é particularmente feliz em Big Fish, como já o era em Eduardo Mãos de Tesoura, para o qual Big Fish nos remete. É uma história de bruxas e gigantes e, no entanto, é uma história do quotidiano, em que poucos não se reconhecerão na personagem do filho prestes a ser pai (Billy Crudup, o guitarrista cool de Almost Famous), quando chega a altura de reavaliar a sua própria relação com o pai doente (o excelente Albert Finney). Por isso é um cinema que vale sempre a pena. Percebi-o mais uma vez quando, depois de sair da sala, perguntei ao meu filho de 10 anos se tinha gostado e constatei que ele tinha feito a sua própria leitura do filme e visto as coisas mais importantes que para mim seriam talvez detalhes. Não deixem fugir este peixe, que ainda se passeia pelos cinemas de Lisboa.

quarta-feira, abril 07, 2004

Páscoa nos antípodas?

Acabei de saber que (estando sol e 25 Cº em Lisboa) em Estrasburgo chove e estão 10 Cº!!! Como é que querem que sejamos uma Europa Nação com estas dispersões (ou divergências) tão radicais! Uma pessoa adormece no avião e quando acorda perdeu 2 horas da sua vida (embora no percurso inverso se sinta ainda na barriga da mãe)! Ainda por cima por causa dos francófonos terem perdido (porque andavam concerteza em Monpartnasse a ver as montras...) a guerra linguística com os das ilhas e do império, vou passar a mesma vergonha de sempre tentando explicar porque é que 7 anos de francês a única coisa que me deram foi a pronúncia (já não é mau, dirão alguns, mas lembro a esses que o francês é um bocado mais diferente do português que o castelhano...)! Não sei se vá!

P.S. Claro que esta era uma afirmação de dúvida meramente retórica! Os bilhetes de avião estão pagos!!!

segunda-feira, abril 05, 2004

Efeméride
Mas entretanto a vida continua. Menos para o Kurt Cobain, que há dez anos morreu depois de se ter dado um tiro de espingarda. Foi-se o Kurt e o grunge morreu. Fica o teen spirit:

Load up on guns and
Bring your friends
It's fun to lose
And to pretend
She's over bored
And self assured
Oh no, I know
A dirty word

hello, how low?

With the lights out it's less dangerous
Here we are now
Entertain us
I feel stupid and contagious
Here we are now
Entertain us
A mulatto
An albino
A mosquito
My Libido
Yeah

I'm worse at what I do best
And for this gift I feel blessed
Our little group has always been
And always will until the end

hello, how low?

With the lights out it's less dangerous
Here we are now
Entertain us
I feel stupid and contagious
Here we are now
Entertain us
A mulatto
An albino
A mosquito
My Libido
Yeah

And I forget
Just why I taste
Oh yeah, I guess it makes me smile
I found it hard
It was hard to find
Oh well, whatever, nevermind

hello, how low?

With the lights out it's less dangerous
Here we are now
Entertain us
I feel stupid and contagious
Here we are now
Entertain us
A mulatto
An albino
A mosquito
My Libido
Yeah, a denial
A denial
A denial...
Pausa Pascal
O David já anunciou. Dentro de alguns dias, o meridiano de Lisboa, mais respectiva família, muda-se para Estrasburgo. Estou portanto ocupadíssimo a preparar o terreno. Entre outras coisas, há que testar as iguarias em busca do tal veneno. Mas não te preocupes, caro David. A operação Alsácia não falhará. Agora que haverá durante o período pascal uma certa rarefacção de posts, isso parece-me inevitável. Teremos com certeza o nosso tempo preenchido com vários estudos sociológicos (trabalho de campo, claro) em matérias tão ricas e complexas como a gastronomia alsaciana, o papel do queijo nas refeições modernas e a evolução recente da produção vinhateira em regiões desfavorecidas por um clima menos ameno. Se os leitores quiserem, queixem-se para a morada e-mail aí do lado. Se tiverem sorte, até pode ser que a gente responda.
Alsácia a Negra!

Esta semana o meridiano vai-se estreitar já que a família David se juntará, em Estrasburgo, à família AC para, todos juntos e num espírito mais pagão que religioso, desfrutarem de umas pequenas férias de Páscoa! Mas, eis senão quando, folheando o número da Visão da passada semana reparo que a Alsácia, meu destino, foi a única região francesa que a esquerda não venceu! Isto é como encontrar agulha em palheiro! Só espero que algum dos locais não se lembre de me envenenar as iguarias...

quinta-feira, abril 01, 2004

God bless America
Já tinha saudades, portanto aí vai mais anti-americanismo primário. Em Fevereiro de 2004, vários membros do Congresso introduziram, nas duas câmaras, o projecto HR3799, mais conhecido por Constitution Restoration Act (texto aqui). Entre outras pérolas, o projecto pretende impedir o Supreme Court, ou qualquer outro tribunal federal, de anular, revogar ou sequer examinar a invocação de Deus como fonte de Direito por um órgão estadual, qualquer que ele seja. Além disso, nenhum tribunal americano, sobretudo o Supreme Court, que é evidentemente o órgão especialmente visado por este projecto, poderá interpretar a Constituição americana socorrendo-se de, ou sequer citar, fontes estrangeiras, incluindo tribunais internacionais, devendo limitar-se à Common Law.
Dizem alguns (apoiantes do projecto, entenda-se) que este projecto já faz parte da conservative agenda desde há algum tempo, embora só agora tenha sido apresentado. Terá sido directamente motivado por dois acontecimentos relativamente recentes: a polémica dos Dez Mandamentos (que ficou mundialmente conhecida quando um tribunal federal ordenou que fosse retirada de um tribunal estadual do Alabama uma enorme escultura representando os Dez Mandamentos, mas que se estende a outros Estados e edifícios oficiais) e a inconstitucionalização, pelo Supreme Court, das legislações estaduais que criminalizavam a homossexualidade entre adultos (caso Lawrence v. Texas, de 26.6.03, em que o Supreme Court fez apelo à jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem para modificar a sua própria jurisprudência anterior Bowers v. Hardwick, que datava de 1986).
Esta nova legislação permitiria por exemplo que um juiz estadual qualquer introduzisse a lei bíblica do Talião como princípio de Direito, sem que o Supreme Court, ou qualquer outro tribunal federal, pudesse examinar a compatibilidade de tal decisão com a Constituição.
Qual a reacção que deveremos ter quanto a isto? Sorrir, como fazemos com as patetices daquele nosso político do Atlântico? E se o projecto passar?
Força Portugal*
Excepcionalmente, decidi fazer concorrência ao maradona e ao Gabriel Alves e falar de futebol, concretamente do jogo de ontem da nossa selecção. Sem falar no entanto da lei da física que diz que, em futebol, quando Portugal joga com a Itália perde. Nos primeiros 25 minutos de jogo fiquei preocupado. Todas as minhas convicções futebolísticas estavam a ir por água abaixo. É que Portugal a jogar assim arriscar-se-ia a ser campeão europeu. Se até o Rui Costa estava a jogar bem e, pasme-se, ao primeiro toque, não via, na altura, motivos para duvidar do sucesso português. Depois, claro, tudo voltou ao normal. Desorganização, ausência de cultura táctica, Rui Costa a jogar como só ele sabe (é sem dúvida o jogador mais elegante do mundo a jogar mal) e a óbvia derrota. Não falo sequer das substituições disparatadas porque isso nestes jogos não conta (mas registo a inovação de Boa Morte a defesa esquerdo; uma jogada de inspiração claramente queiroziana, tendência "no futebol os laterais esquerdos são inúteis"). Somando a isso a síndroma Sporting do Ricardo (isto é, um bom jogador transferido para o Sporting passa rapidamente a mau jogador), não será sequer preciso falar do golo sofrido de canto directo (que é sem dúvida mérito do marcador, senão atente-se no seguinte: eu próprio marquei não há muito tempo o único golo de canto directo da minha já longa carreira de futebolista, um tiro desferido do lado direito com o pé esquerdo ao segundo poste, que o guarda-redes, simpaticamente, ainda ajudou a entrar com a ponta da luva – lindo e infelizmente sem registo vídeo!). Resta-nos pois dizer "Força Portugal" e ir a correr votar na oposição.

* Slogan eleitoral do PPD/PSD/CDS/PP para as eleições europeias
O leitor do Alaska
Obrigado, David, por mais esta fantástica inovação. O que eu mais gostei do site meter foi aquele mapa com os meridianos. Por aquilo que eu percebi, indica as zonas onde temos leitores. As duas barras maiores estão, compreensivelmente, nos meridianos de Lisboa e de Estrasburgo. Posso até adivinhar quem será o leitor que nos segue do que parece ser Timor. Agora o leitor que aparece no meridiano do Alaska??? Leitor amigo, mando-te daqui um abraço fraterno. Obrigado por essa fidelidade e quando puderes, diz qualquer coisa.

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