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sábado, dezembro 20, 2003

Zappanóia na Comuna

É hoje mesmo, pelas 23 horas no Teatro da Comuna à Praça de Espanha! Como todos os concertos da banda, esta vai ser mais uma homenagem a um dos génios e ícones do século passado, num imenso happening inter-geracional! Ninguém fica à porta!

quinta-feira, dezembro 18, 2003

Publicidade
Uma derrogação ao post anterior só para lembrar que uma das bandas patrocinadas pelo Meridianos estará sábado, dia 20, na Comuna, à Praça de Espanha, pelas 23 horas. Senhoras e senhores, os Zappanoia. Claro que nós vamos lá estar. Até lá, o David fará seguramente mais um postezito publicitário.
Boas Festarolas
A partir de amanhã, as minhas intervenções neste blog entrarão em ritmo reduzido ou inexistente. Com efeito, o meridiano de Estrasburgo muda-se para Lisboa durante duas semanas e estará relativamente longe dos blogs e computadores. Passarei a comprar a edição impressa do Público e a gozar todos os outros pequenos prazeres do estrangeirado em férias na terra natal, como fazer companhia aos outros zombies no centro comercial e ouvir as rapariguinhas do shopping dizer "é assim" 5 vezes em cada frase.
Até breve!

Post pré Natal
Os filmes de culto são uma categoria engraçada. Porque muitas vezes nem serão aqueles que mais admiramos de um ponto de vista puramente cinematográfico. Isto a propósito da prenda pré Natal que me deu a E., que aliás desdenha em absoluto a minha paixão pela série B. There’s something about Mary, dos horríveis irmãos Farrelly, é um dos meus filmes de culto. Lembro-me de ter visto o trailer no cinema e ter então mais uma vez lamentado o cinema indigente que se faz actualmente: aí estava um filme que seguramente eu não iria ver. Apanhei-o mais tarde por acaso na televisão e o genérico inicial, com os dois músicos cantando a canção que será o leit-motiv de todo o filme em cima de uma árvore e filmados em contre-plongée, prendeu-me imediatamente. Quando cheguei ao fim, sabia que não tinha visto uma obra-prima, mas estava em estado de graça. Depois disso vi-o mais algumas vezes e continuo a adorá-lo. Não sei se os Farrelly são uns grandes cineastas (aliás Me, myself and Irene e Shallow Hal são bem menos interessantes que Mary, ao contrário de Dumb and Dumber) mas neste filme são os dignos herdeiros de uma tradição, a comédia burlesca, que vem desde Buster Keaton e os irmãos Marx. A minha sequência preferida, que me faz invariavelmente rir até às lágrimas, demonstra todas as qualidades deste filme: Matt Dillon, depois de ter drunfado, talvez em demasia, o cão da amiga de Cameron Diaz, tenta acordá-lo com massagens cardíacas. Nesta cena, tudo é perfeito: os actores, o ritmo, a montagem, a música, os diálogos. Não dura mais de dois minutos, mas dá uma lição de cinema a qualquer pretendente a realizador. Como em todas as comédias burlescas, é a mistura da iconoclastia (as cenas escatológicas, o tratamento politicamente incorrecto dos deficientes) com os bons sentimentos (o verdadeiro amor, a amizade sincera), e em sábia dosagem, que seduz o espectador. Eis algumas das razões pelas quais este seria um dos filmes que, estando muito longe de ser uma obra-prima, eu levaria para a ilha deserta.

quarta-feira, dezembro 17, 2003

E eu a pensar que com os temas Somague e captura de Saddam tinhamos a semana feita!!!!! Essa dos cinzeiros é de antologia!!! Mas como é que alguém consegue imaginar que qualquer pessoa com o mínimo de juízo ainda pensa que os EUA são a terra da liberdade???? Eu que até deixei de fumar ao fim de quase 25 anos de inveterado fumador estou a pensar fumar um cigarrinho hoje em homenagem aos fabricantes de cinzeiros!
Efeméride
Pois é, este blog comemora hoje um mês de existência. Justifica-se por isso o reminder:
(Uns) Meridianos é um blog mantido, entre Lisboa e Estrasburgo, por AC e AS, que gosta de assinar David. Elogios, insultos e que mais lhes aprouver podem ser enviados para meridianos@sapo.pt . Não temos lista de links aqui ao lado porque somos demasiado preguiçosos para a fazer. Porém, tentaremos responder aos mails, se tivermos leitores com suficiente pachorra para nos contactarem.

terça-feira, dezembro 16, 2003

Ganda link...
este que tu puseste mais abaixo, David. Estive a investigar melhor a coisa e este Nuno tem que se lhe diga. Aqui está a página principal: aconselho sobretudo A dança do bumbum e, claro, o Hino Nacional. Mas elas são todas boas, não consigo escolher. Por favor, visitem, que é um portento de site!
Dura lex
Entretanto, li já não sei onde que no quadro da nova legislação anti-tabaco nova-iorquina, os infelizes possuidores de cinzeiros poderão ser multados, mesmo que o cinzeiro esteja impecavelmente livre de beatas. Os fiscais podem inclusivamente revistar as gavetas e os armários que estejam nos locais aos quais a lei anti-tabaco se aplica (última vítima: a Vanity Fair, como se pode ver aqui). Comentário de um anti-americano primário: algo de errado se passa num país em que é ilegal ter um cinzeiro vazio numa gaveta mas absolutamente legal ter ao lado, na mesma gaveta, uma arma carregada.
O cliente é que manda

Temos mais correio dos leitores. Noutro dia falarei dos misteriosos e-mails que temos vindo a receber sobre a NYSE (ainda não digeri bem as informações sobre a Bolsa que eles nos mandam, terei que analisar melhor a questão) e sobre um misterioso vídeo que teria sido filmado no Hilton de Paris (aqui fia ainda mais fino, terei que investigar exaustivamente esta informação).
Mas adiante: o nosso leitor Telmo acrescenta aos nossos Tops 2003 Mystic River, de Clint Eastwood, mais um filme que não vi, e o último disco de uma senhora chamada Ursula Rucker, que ele elogia entusiasticamente. Ainda só ouvi uns bocadinhos no site que acabo de linkar. Por sistema, desconfio de todas as pessoas que se chamem Ursula, mas vou tentar manter um espírito aberto e abordar a questão sem preconceitos. Lembra ainda este leitor, não sem malícia, ter sido ele o responsável pela minha descoberta de Massive Attack e Radiohead. É verdade. Reconheço que existem algumas vantagens em se conhecer pessoas mais novas para além dos nossos filhos. Quanto aos discos de 2002 comprados em 2003, parece que é necessário conhecer uma banda de nome Lambshop. O Telmo termina o seu e-mail com uma contribuição para a nossa discussão Kill Bill (ver mais abaixo a épica batalha de posts entre mim e o David: ao pé desta luta sangrenta, a batalha de Minas Tirith é uma briga de recreio). Lembram-se da votação que propusemos? O Telmo é Kill David e portanto contra o Kill Bill.
Caro David, se bem contei os votos que recebemos, por enquanto estás a perder: temos 1 Kill David, 0 Kill AC e 526 fotografias dos pés da Uma Thurman (os que ficarem intrigados por esta última referência são convidados a ler os posts em causa).

TOP PIMBA

Pois é! Para uma semana (Domingo sendo o seu primeiro dia, com é óbvio) já estamos de papo cheio! Não não me estou a referir a nenhuma Claudisabel ou Emanuel! A estes e outros teremos que dedicar um destes dias uns posts consentâneos com a sua qualidade e projecção!

Estamos a falar das asneiradas político/económicas nas suas versões nacional (ou Ibérica?) e internacional.

Primeiro: Operação Somague! Travestida de fusão (no meu mundo o que se chama a isto é take over - embora não hostil!) a família Vaz Guedes dá o dito por não dito (em particular o seu "jovem" líder) e entrega-se de corpo e alma às negociatas transfronteiriças. Não é que isto me preocupe por aí além - infelizmente parece ser óbvio o que as novas e velhas gerações de empresários portugueses são capazes de fazer (muito pouco quero eu dizer, salvo as costumeiras e honrosas excepções...)! Como um amigo meu e ex-Ministro desta República me dizia recentemente num belo almoço onde discutimos política e economia e degustávamos um excelente tinto alentejano: Portugal é um acidente de percurso, podiamos ser uma província de Espanha e a Catalunha uma nação independente que não viria mal nenhum ao mundo (pergunto eu - pelo contrário?). Se nos é por vezes dificil pensar assim (os tomates lusitanos não nos largam as partes baixas...) as amostras públicas que nos oferecem fazem-nos reconsiderar frequentes vezes... O que nos safa apesar de tudo é Espanha ser uma monarquia e terem o Primeiro Ministro que têm... senão o problema ainda seria maior! Mas enfim, o que me chateia, não é nada disto! É o seu líder espiritual (o da Somague) comer todos por parvos e justificar-se contextualizando (não sei bem o quê!). Quando há alguns meses atrás toda a gente caiu em cima da familia Amorim (e, curiosamente, do seu líder em particular, também) por ter feito mais ou menos a mesma coisa (venda de património empresarial a espanhóis no dia seguinte a ter feito parte do grupo de empresários portugueses que entregou ao Governo Português o célebre documento dos "centros de decisão"), muita gente veio a terreiro (nomeadamente o "jovem" empresário e líder a quem nos referimos atrás) discorrer sobre as gerações de empresários... que os novos deveriam tomar conta do "poder empresarial" para evitar as senilidades dos empresários de gerações mais remotas! Ora PIMBA saiu(-nos) o tiro pela culatra! Parece que nem as moscas mudam... Enfim...

(caso não tenham percebido, a anterior é a asneirada nacional!)

A internacional é a cobertura noticiosa da prisão de Saddam! Não há pachorra! Pior que a asneirada da Somague (e do seu "jovem" líder) só mesmo esta! O problema é que já não se limita à asneirada anglo-saxónica, CNN ou BBC, mas entra-nos pela latinidade (ou lusofonia para ser ainda mais específico) dentro! Antes a Claudisabel e o Emanuelk! Da-se! E nós Pimba! Já não se pode mais com a barba desgrenhada do homem, com o bloco de esferovite, com a comida espalhada, com a barba outra vez e o bloco de esferovite e mais o bloco de esferovite e a comida espalhada e a barba desgrenhada.....

Nem merecem links porra!

segunda-feira, dezembro 15, 2003

Atirar os foguetes e apanhar as canas
O Comprometido Espectador, outro fachoblog inteligente que leio regularmente, avisa também que a festa da captura do Saddam é deles e de mais ninguém (ver post "A festa é nossa, tá bem?"). Prontos, tá bem, se não se arranja um convitezito, a gente vê pela televisão. Claro que isto é duro para quem, como eu, que sou marxista tendência Groucho, acha mais piada àquela de não querer ser sócio de um clube que nos aceite.
Importa-se de repetir?
O Pedro Lomba disse aqui há uns tempos no DN que todos mentimos quanto à guerra do Iraque (ver o meu post "Gostei" de 24/11). Agora disse que a prisão do Saddam é uma vitória política que não pertence a todos. Isto da política é muito complicado.
Nunca é tarde
Como dizia o protagonista de High Fidelity, um dos filmes de culto cá da casa, isto dos tops é muito complicado. Quando a jornalista que o entrevista lhe pede o All Time Top 5 (típica questão existencial, como "Deus existe?", "Há vida depois da morte?" ou "Os convidados do Jerry Springer são actores ou não?"), o nosso herói hesita, hesita, acaba por dar 5 títulos e depois, desesperado, quando se apercebe, muito mais tarde, que deixou de fora alguns monumentos musicais, vai a correr deixar uma mensagem no gravador de chamadas da jornalista para corrigir a lista. Eu ainda estou a tempo de acrescentar um filme e um disco aos meus Tops 2003. Eis o filme: Intolerable Cruelty dos irmãos Coen, uma verdadeira pérola. E o disco: Dear Catastrophe Waitress dos Belle & Sebastian. Talvez tenha até tempo de explicar porquê. Mas isso fica para outro post.

sábado, dezembro 13, 2003

Economês
Para mim, a linguagem económica continua a ser um mistério. No outro dia, ouvi o José Alberto Carvalho anunciar no Telejornal a fusão da Somague com uma cimenteira espanhola. A operação foi assim: a família Vaz Guedes, da Somague, ficou com 5% da empresa espanhola e esta última com 90% da Somague. Isto em economês chama-se uma fusão. É assim tipo uma fusão do Rossio com a rua da Betesga, estão ver? Tenho muito que aprender ainda!

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Ooppss
No Abrupto, postado em 10.12.03 por JPP às 18h21: "Esperança, desesperança, sem esperança – o Abrupto feito pelos seus eleitores".

quarta-feira, dezembro 10, 2003

Low Fi - Um TOP alternativo

Ontem (aliás, já hoje, de madrugada!) revi o High Fidelity! Há momentos em que este filme se aplica que nem ginjas! Desta vez (depois de ter lido o livro e visto o filme por duas vezes) apanhei outro lado do argumento! É que até agora sempre me tinha fixado na perspectiva mais obsessiva "o mundo está todo contra mim, mas a musica apesar de tudo (especialmente em vinil) mantém-me vivo!". Agora, provavelmente reflexos da própria existência conjuntural e da passagem para o outro lado da vida, encontrei a filosofia que nos oferece o viver (felizmente, apenas por vezes) enrodilhado em fetiches e fantasias (que não, mas também, meramente sexuais!). E essas fantasias são isso apenas já que quando tentamos chegar a elas, ou, pior ainda, quando pensamos que estamos ou passámos por elas, concluimos que foi bem pior do que imaginávamos! Afinal até as pornstars ou as top models de vez em quando usam cuecas (não calcinhas) de algodão (ou popeline!).

Então, em dedicatória ao Nick Hornby, Stephan Frears e John Cusack, aqui vai o meu top 5 de eventos melancólicos e libertadores do ano:

1º Sair da empresa onde vivi durante 15 anos
2º Festival de rock progressivo de Orthez com novos amigos
3º Semana em Londres com novos e velhos amigos (com muita musica, copos e conversa)
4º As tatuagens da Fenix e do Cometa
5º Reencontrar amigos de longa data em/e de Peniche
Top Filmes
Os tops têm destas coisas. Querendo fazer a lista dos filmes que realmente contaram para mim em 2003, apercebi-me com horror que o único que posso qualificar de excelente é afinal um filme de 2002: Punch Drunk Love de Paul Thomas Anderson. Pior: não me consigo lembrar se de facto vi este filme já em 2003 ou ainda em 2002, o que, para além de demonstrar que a idade não perdoa, não abona nada sobre a qualidade média dos filmes que por aí vão saindo. Como explicação, ainda posso dizer que, por falta de tempo e outros motivos, cada vez vou menos ao cinema (por outro lado, cada vez vejo mais DVDs). Por isso, perdi ou não vi ainda alguns filmes que poderiam estar no Top 2003: Elephant de Gus van Sant, Dogville de Lars von Trier e Intolerable Cruelty dos irmãos Coen. Ou, mas só porque acaba de estrear, o inevitável fim da trilogia dos anéis de Peter Jackson.

Sendo assim, e à falta de melhor, no meu Top dos filmes simpáticos de 2003 deixo-vos Identity de James Mangold e Goodbye Lenin de Wolfgang Becker que, não sendo nada de especial, pelo menos deixam-se ver com prazer.

Quanto à decepção do ano, já aqui se falou e muito: o inevitável Kill Bill vol. I, que remeteu Tarantino para a galeria dos já-foi-bom-mas-anda-armado-ao-pingarelho.

Perspectivas: já estreou nos US mais ainda não na Europa o último Tim Burton, Big Fish, que tem nomes como Ewan McGregor, Jessica Lange, Steve Buscemi, Helena Bonham Carter, Danny de Vito, etc etc.

Perguntas: onde, quando e como poderemos ver as duas curtas de David Lynch, que saíram em 2002, Rabbits e Darkened Room, sem ser no site do caro David, a pagar?

E que melhor maneira de acabar senão esta, com os dois melhores cineastas americanos vivos?
Top of the Pops
Vamos lá então aos tops 2003. Começando pelos melhores álbuns. Para simplificar (e porque sinceramente não estou a ver outros), só escolho dois.

Massive Attack – "100th window"
Radiohead – "Hail to the thief"

Se pudesse, escolhia dois álbuns que comprei em 2003 mas que saíram em 2002:

Sigur Rós – "( )"
Go-Betweens – "Bright Yellow Bright Orange"

Menção honrosa: "Blonde on blonde", apenas o melhor disco de Bob Dylan (e um dos 10 melhores de sempre), que saiu em 2003 em versão remasterizada Hybrid SACD (da Sony) com reprodução da capa original do vinil.

Brevemente, o Top filmes.

terça-feira, dezembro 09, 2003

Concertos - TOP 2003

Já que estamos numa de rever 2003, deixo mais um top. Este de concertos que assisti (ao vivo, quero dizer; expurgo portanto os DVD´s musicais! - talvez dê mais um top!):

The Musical Box / Foxtrot - Southampton
The Musical Box / Selling England by the Pound - Londres
Yes - Londres
Roger Waters - Lisboa
Steve Hackett - Croydon
Camel - Londres
La Maschera di Cera - Gouveia
Nil - Gouveia
Mangala Vallis - Orthez
10º Anekdoten - Orthez

Ficaram de fora outros belíssimos concertos: Supertramp (Lisboa), Pat Metheny & Charlie Haden (Lisboa), Consorzio Acqua Potabile (Orthez), The Flower Kings (Porto), Chick Corea (Lisboa), High Wheel (Orthez), ...




Nota sobre o top abaixo

Uma das belezas do rock progressivo não é estética mas sociológica ou política! Reparem no meu top 10 como as origens se misturam e como o mundo anglo-saxónico preenche (e mesmo assim...) menos de 50% das inserções!
Está na altura de começarmos a mandar cá para fora os tops meridianos 2003! Vou abrir as honras com os 10 melhores albuns de rock (progressivo). Aqui estão eles:

Terra – Tantra - Portugal

Quarante Jours sur le Sinai – Nil - França

Il Grande Labirinto – La Maschera di Cera - Itália

Skymind – Taal - França

The Iridium Controversy – Birdsongs of the Mesozoic - EUA

To Watch the Storms – Steve Hackett - Reino Unido

Blemish – David Sylvian - Reino Unido

Al-Bandaluz – Cast - México

Emergent – Gordion Knot - EUA

10º Stock – RPWL - Alemanha


As portas da percepção

Foi este fim de semana, para mim o sábado! Pavilhão Atlântico cheio com a heterogeneidade que começa a ser habitual nos grandes concertos rock! Três gerações se encontraram para sublimar a memória de Jim Morrison! Sim, foi disso que se tratou! Os "The Doors of the 21st Century" nem tentaram esconder isso! Abrem o espectáculo com um slide da foto mais conhecida do JM e continuam por aí fora dedicando canções ao Jim, lembrando que não tocaram com o Jim o LA Woman ao vivo pois ele "tinha vindo" para Paris, etc., etc., etc. O vocalista de serviço (Ian Astbury, ex-Cult, uma banda a cair para o hard rock dos anos 80 e que parece que ainda por aí anda...) com uma voz muito mais agressiva que a de JM, mas com os outros tiques que sabemos JM tinha...

Quanto à música... bom, é a que todos nós conhecemos! De excelente qualidade, com muito feeling... que se perdeu com o péssimo som, com a voz algo estridente de IA e com a necessidade que os TDot21stC tiveram em mostrar que o génio musical também existia nas teclas e na guitarra e não apenas na voz de JM - longos e por vezes fatigantes solos... É um pouco uma perspectiva nihilista que ali se viu! Há que falar de Jim, mas há que demonstrar que os The Doors não eram apenas o Jim...

Em conclusão, enquanto lá dentro, o espectáculo foi óptimo. Conforme o tempo passa e a emoção é ultrapassada pela razão.... mais valia que tivessem feito um pequeno café concerto!

segunda-feira, dezembro 08, 2003

Prá Frente Marte
Continuamos a seguir atentamente a evolução da votação do Expresso para personalidade internacional do ano. Nesta batalha iniciada pelo Cruzes Canhoto, a que aderimos prontamente, não está fácil enviar o arquitecto para o planeta vermelho. Todos não somos demais. Aliás, talvez outros tí­tulos da imprensa nacional se possam associar a esta eleição. Assim de repente, lembro-me que o director do farol da imprensa ocidental (pedi emprestado o qualificativo aqui) talvez não se importasse de também ir lá entregar o prémio. Para Marte, rapidamente e em força, com um ticket Saraiva-Fernandes?
Gandas genes
A notícia mais relevante do fim-de-semana terá sido a eleição de Miss Irlanda como Miss Mundo. E porquê, perguntam os leitores espantados? Porque, caros amigos, Miss Irlanda é filha de Chris de Burgh, que assim se redime de ter dado igualmente ao mundo alguma da pior música de sempre. Lembram-se de The lady in red?? Beurk, que me deu um arrepio de terror só de ter escrito este título!

sábado, dezembro 06, 2003

MARTE, MARTE, MARTE
Estive a conferir os resultados da votação on-line do Expresso sobre a figura internacional do ano (ver o meu post Mars attack de ontem). Lamentavelmente, o planeta Marte segue com apenas 1,90% dos votos (bom, sempre tem mais que o Blair e o Chirac, já não é mau). Vá lá, pessoal, pensem no Saraiva aconchegadinho no foguetão a dizer adeus pela escotilha aos portugueses, prontinho para ir entregar o prémio a Marte. Estão a ver a coisa? Nunca a expressão "voto útil" teve tanto significado.
Prémio "Sou mesmo bom" da semana
Vai para Eduardo Cintra Torres, o grande teórico da televisão nacional. No Público de hoje informa-nos sobre a sua visão de águia, a sua formidável inteligência, a sua incrível perspicácia. Vejam lá que até aquele jornalista francês ao qual a crónica é dedicada (oouups, e será mesmo?) escreveu no seu livro as palavras que o ECT já tinha posto na boca da personagem do argumento de cinema que escreveu há dez anos. Tanta capacidade de previsão deixa-nos subjugados. Ficamos a saber mais sobre as imensas qualidades de ECT que sobre o livro sobre o qual ele supostamente escreve, mas who cares? Isto sim é bom jornalismo!

sexta-feira, dezembro 05, 2003

Títulos inesquecíveis
Por falar em Correio da Manhã, para quando uma compilação dos melhores títulos da imprensa portuguesa? Posso já deixar aqui uma candidatura razoável ("Espingarda de dois anos mata criança de dois canos" – Diário de Coimbra) e outra quase imbatível, justamente do CM, em primeira página e a cinco colunas, sobre uma reunião comunitária que discutia as quotas agrícolas: "Estamos à brocha com os tomates".
Mars Attack
Como agora o Expresso on line é pago, deixei de o ler. Para tablóide, já temos o Correio da Manhã, que é gratuito. Claro que lamento ter perdido as crónicas de Sir John Charles Sword, que pacientemente nos explicava as virtudes da gentlemanship, dos recantos aveludados de Oxford e das calmas conversas no club, longe das ignaras turbas ululantes. Mas que querem? Não se pode ter tudo. Portanto, só agora soube que o Expresso propõe aos seus leitores eleger, de entre uma lista, a personalidade do ano. Um dos candidatos propostos pelo Expresso é o planeta Marte. O excelente Cruzes Canhoto sugere que elejamos Marte personalidade internacional do ano, sob condição que o José António Saraiva lá vá entregar pessoalmente o prémio. Eu acrescentaria: com bilhete só de ida. Toca a clicar, malta!
Fez ontem dez anos...

... que um dos maiores génios de sempre da música (popular ou não) faleceu. Frank Zappa conseguiu durante a sua carreira agradar e desagradar a gregos e troianos, que nesta coisa da arte normalmente é bom sinal. Excelente compositor, produtor e guitarrista. Com um sentido de humor afinado e contundente, pautou toda a sua carreira por não se acomodar nem do ponto de vista estético nem social ou político.

Para lembrar e não só os Zappanóia deram ontem um pequeno showcase na FNAC de Almada. Banda já de culto em Portugal e não só, os Zappanóia tocam covers de Zappa como é natural, com uma qualidade altíssima do ponto de vista da execução musical, da "união do som" e do humor de Zappa! Foi uma festa que se tem repetido com imensa frequência por Lisboa e um pouco por esse país fora. Com 8 elementos conseguem estar em palco como se estivessem a tocar juntos há uma vida (de facto a formação base já existe há 8 anos, mas as mais recentes adições têm cerca de um ano apenas) - 2 guitarras (1 delas acumulando com voz), baixo e bateria, teclas, vibrafone e sopros (trombone e saxofone). Esta secção de sopros têm origem em Peniche - Fernando Simões e Paulo Chagas! Meus queridos amigos e companheiros de outras músicas!

Se souberem de um concerto dos Zappanóia perto de vós não o percam. Zappanóia site.


Entre blog e blag(ue) vai um tirinho: como despedida noturna aqui vai o link mais engraçado da semana charges

quinta-feira, dezembro 04, 2003

Um homem que come outro homem é o quê?
Esta pergunta clássica (à qual o atento ouvinte da Rádio Vidigueira respondia panelêro) recebe novos elementos de resposta graças ao original processo que decorre neste momento na Alemanha. Alguns lembrar-se-ão de como tudo começou: o homem que neste momento se encontra a ser julgado pôs um anúncio na Internet procurando outro homem pronto a ser comido (mas comido mesmo). Houve um tipo que lhe respondeu e lá fizeram juntos o festim. Entrada: pénis grelhado. Essa ainda eles a comeram juntos, tudo devidamente registado em vídeo. Mas depois quando veio o prato principal, que implicava esquartejamento e corte de vários membros e órgãos essenciais (além do pénis, claro), o pronto a comer lá teve, surpreendentemente, que se finar. O nosso Pantagruel, como qualquer boa dona de casa, ainda guardou 30 quilos no frigorífico, para ir petiscando de vez em quando. Agora o comilão está a ser julgado por homicídio e profanação de cadáver. Em defesa, o Hannibal teutónico alega que se limitou, em boa verdade, a uma eutanásia. Que dizer? Por mim, opto pela resposta Star Trek: Beam me up, Scotty e ala para outro planeta!

Ver tudo aqui.
Heróis americanos (2)
Jessica Lynch é um exemplo típico de herói americano. Quem teve a oportunidade de ler a peça da TIME (infelizmente já não está disponível on-line) sobre Jessica terá deparado imediatamente com uma primeira imagem fantástica (a duas páginas). Jessica, em pose de anjo martirizado (apoiada numa muleta, a imaculada cabeleira loura em penteado de adolescente assexuada), deixa-se fotografar em frente à casa familiar, onde se podem ver, penduradas nas varandas, várias bandeiras americanas (descobriremos depois no artigo que são seis); ao lado dela, um imenso painel anuncia que naquela casa mora um verdadeiro "american hero". Todas estas imagens nos são familiares. Já vimos aquilo em qualquer lado: no Nascido a 4 de Julho ou em um qualquer road movie, quando se apercebe na beira da estrada um painel que nos anuncia a aldeola onde se fez a maior apple pie do mundo. A América tem uma capacidade impressionante de fabricação de heróis patriotas. Desde logo, porque os americanos são genuinamente patriotas. A mão no coração enquanto entoam a Star Spangled Banner não é apenas um gesto de circunstância. Talvez consequência de um passado relativamente curto, formado num imenso melting pot de etnias e culturas, o patriotismo americano é tão forte e sincero, que desperta em nós, europeus blasés, um sorriso irónico e algo desdenhoso. Afinal, quantos de nós sentem uma verdadeira emoção quando toca a Portuguesa? Esse patriotismo pode ter efeitos perversos, claro, mas é simultaneamente uma força enorme que permite aos americanos terem uma fé inabalável nas suas próprias capacidades, enquanto homens e cidadãos. Por isso o facto do heroísmo de Jessica Lynch repousar afinal, segundo parece, numa mentira (ou melhor, num exercício de marketing tipo Wag the dog) é, no fundo, pouco importante. A M16 encravou e Jessica não chegou a disparar um tiro? Os Marines não encontraram um único soldado iraquiano quando a resgataram do hospital? Tinham as chaves do hospital mas preferiram arrombar as portas a pontapé para ficar melhor no filme? Who cares? Jessica sorri, diz que a última coisa de que se lembra antes de ter sido capturada é ter rezado, deixa o fotógrafo visar os buracos de balas que tem na perna e diz: "I’m no hero". Bem pode dizê-lo, o mito está feito, não vale a pena desmentir.

PS: entretanto, o célebre Larry Flynt anunciou ter umas cassetes vídeo onde Jessica apareceria numa tenda no meio do deserto, divertindo-se, talvez em demasia, com dois camaradas de armas. Como se sabe, estas histórias só acrescentam uma dimensão suplementar ao mito, que tem que ter também o seu lado negro. Lembram-se da Laura Palmer?
Efemérides
Aniversário da queda do Cessna mais famoso de Portugal. A "nossa" teoria da conspiração. Os americanos têm o JFK? Nós temos o Sá Carneiro.

Dez anos sobre a morte do genial Frank Zappa. A falta que ele faz… Ver a excelente resenha num blog bastante interessante que descobri quase por acaso, o Absurdo(.)

quarta-feira, dezembro 03, 2003

América
Caro David,
Para mim, não se coloca a questão de me orgulhar ou não da nossa dependência da iconografia americana. Limito-me a constatá-la. Daí que, desse ponto de vista, não seja importante que menos de 50% dos americanos tenham votado em Bush (até porque se poderia dizer ser assim em todas as democracias liberais; mas essa é outra conversa, que ficará para outro dia). O que me interessa na América é a utopia, ou melhor, a utopia realizada. E muito melhor que eu di-lo Jean Baudrillard, num pequeno livrinho já velhinho mas ainda actual que encontras em tradução portuguesa, embora o link para a Amazon mais abaixo se refira a uma tradução inglesa, pois não consegui encontrar on line nem a tradução portuguesa nem o original francês (desculpem a longa citação):
"Os Estados Unidos, a utopia realizada. Não se deve julgar a crise deles como a nossa, crise de velhos países europeus. A nossa é a de ideais históricos que se defrontam com a sua realização impossível. A deles é a da utopia realizada confrontada com a sua duração e com a sua permanência. A convicção idílica dos Americanos de serem o centro do mundo, o poder supremo e o modelo absoluto não é falsa. E não se baseia tanto nos recursos, técnicas e armas como no pressuposto miraculoso de uma utopia encarnada, de uma sociedade que, com uma candura que se pode julgar insuportável, se institui sobre a ideia de que é a realização de tudo aquilo com que os outros sonharam – justiça, abundância, direito, riqueza, liberdade: sabe-o, acredita, e os outros também acabam por acreditar."
América, Jean Baudrillard, João Azevedo Editor, 1989

Falarei (também) disso quando postar umas pequenas notas sobre uma "heroína" do momento: Jessica Lynch. Mas isso fica para amanhã.
Iconoclasta q.b.

A propósito da deixa do meu amigo AC e sem prejuízo das suas naturalmente doutas opiniões e convicções sobre a matéria, gostaria de deixar no etéreo algumas reflexões sobre o tema.

Eu, tal como o AC, vivo e sobrevivo sob uma névoa de dependência (não meramente iconoclasta) da "América". É óbvio que a grande maioria de nós o que somos é um melting pot de influências, referências, mitos e invejas (esta última é mais pessoal...). Os da minha (e do AC) geração que tiveram a oportunidade de fazer parte de uma sociedade em mudanças (sim, o 25 de Abril, qual é o problema?) a nível nacional, mas também a nível internacional, e que fizeram parte de uma classe média em ascenção e com alguma independência económica, são anglo-saxónicos por natureza. Não sei de estatísticas, mas seremos talvez 80% - não devo estar muito errado... E desses 80% teremos provavelmente uma influência anglo-saxónica dominante entre os 50% e os 80%, dependente dos grupos sociais a que nos juntámos ao longo da nossa história individual. Ora bem, mais estatística, menos estatística, mais facto ou mais especulação, o mundo anglo-saxónico rodeia(ou)-nos! Ultimamente (isto quer dizer nos últimos 25 anos) mais norte-americano do que britânico (mas o mesmo não se podia dizer nos idos de 70). Portanto gostemos ou não somos esta geração.

Agora o tema que se coloca é se nos sentimos orgulhosos ou não disso! Para isso há que discutir um pouco mais o que são os EUA! E esta questão dá-nos panos para mangas! É que ao contrário de alguns países (como Portugal, e mesmo assim eu próprio discuto esta perspectiva) os EUA sempre foram um país imenso, não apenas na sua geografia, mas também nos seus segmentos populacionais. Para isso basta pensar em temas tão (?) distintos como a política (já agora federada e estadual!), a arte e a cultura (já agora, o cinema, o teatro, o music-hall, a musica - e dentro que cada um destes provavelmente mais meia dúzia de sub-segmentos), a comunicação social, a educação, etc., etc. Há que explorar os diversos ângulos para percebermos efectivamente do que falamos quando falamos dos EUA... (ou de amor!, como dizia em título de um conto e depois de um livro um grande escritor americano) Vou deixar (se ele aceitar esta pequena provocação, como é óbvio) o AC continuar...

Até porque, como Michael Moore diz no seu último livro, mais de 50% dos norte-americanos não votaram em Bush!


Heróis americanos (1)
A discussão Kill Bill (ver mais abaixo os posts em causa) decidiu-me a postar umas notas, não muito sérias, sobre os heróis americanos. Por vários motivos, o menor dos quais não será o evidente fascínio que a minha geração tem pela América (escrito assim mesmo, como se fosse o continente, embora a gente reconheça logo, neste "América", os Estados Unidos). Crescemos com a música anglo-saxónica e o cinema americano. E não é esta nova (e será mesmo nova?) oposição América-"Velha" Europa que nos impedirá de continuarmos fascinados pela América e também, obviamente, pelos heróis que ela constantemente nos oferece. Para além que, afinal de contas, talvez seja essa a melhor maneira de reagir às ridículas manifestações francófobas da jovem direita, muito presente na blogosfera e preocupadíssima com o anti-americanismo, cujo expoente máximo é o já célebre Merde in France. Por mim, prefiro continuar dependente da cultura americana, cuja iconografia nos continua a marcar. Voltarei ao tema. To be continued...

terça-feira, dezembro 02, 2003

Tele-fome
O Libération de hoje tem uma notícia interessante. O canal de televisão russo TNT estreou uma nova versão do Big Brother, mas com um conceito mais refinado. Os doze candidatos foram largados em Berlim, sem o saberem antecipadamente, e não terão comida nem bebida. O objectivo é que eles consigam pelos seus próprios meios subsistir durante 100 dias. O público vai eliminando os candidatos. O programa chama-se Project Golod (fome em russo). Parece que a maior parte dos candidatos, por enquanto, se limita a mendigar nas ruas de Berlim. Temos no entanto uma candidata, strip-teaser de profissão, que já declarou saber muito bem como ultrapassar a situação. Ou muito me engano ou está aqui a solução para as audiências, segundo tenho ouvido (enquanto estrangeirado, tenho a felicidade de não ter a TVI), desastrosas, do Big Breda. Força Teresa, ainda há esperança. E matéria-prima em Portugal não falta. Afinal, esses ucranianos todos que aqui chegam para descobrir que afinal contrato de trabalho nicles já participam, sem o saber, no mesmo tipo de concurso.
Excelente...
... o artigo de Pedro Mexia no Diário de Notícias de hoje. Ainda por cima, em apostila (o que eu gosto desta palavra!), Mexia faz o seu mea culpa quanto a umas maldades que tinha dito sobre Vital Moreira. Quando a gente vê esta nova direita inteligente e sensata, começamos a perguntar-nos onde iremos parar. Mas depois vem o Paulo Portas, outra vez de dedinho esticado desde que a Moderna deixou de lhe meter medo, dizer umas atoardas a as coisas voltam ao normal.
Kill AC
Eu já sabia que atacar o David, que é particularmente coriáceo, ia dar nisto: vários golpes e contra-golpes de kung fu e espadeirada por todo o lado. Já perdi quase tanto sangue como aquele que se vê em 5 segundos de Kill Bill, isto é, vários litros. Podia esgalhar aqui uma réplica, mas tive uma ideia melhor. Agora que os nossos leitores já puderam apreciar as nossas visões do filme, sugiro que nos comecem a emailar: os que não gostaram do Tarantino opus 4 mandem um mail com a referência Kill David. Os que gostaram mandem um mail com a referência Kill AC. Os que se estão completamente nas tintas para o Kill Bill e que acham que estamos aqui a fazer-lhes perder tempo, mandem-nos uma fotografia dos pés da Uma Thurman.
Amigo AC. Espero que tenhas o coldre preparado pois o ataque vai ser feroz!

4 Razões porque Kill Bill Part 1 é uma obra-que-se-prevê-prima (falta a Part 2, para a definitiva confirmação)!

Porque quero ser eu mesmo e não me deixar influenciar pelas incongruências e inexactidões que provavelmente constroem a absurda rede argumentativa do meu amigo AC, resolvi não as ler! PIM!
Mas retirei-lhe os títulos que vou utilizar para a minha própria síntese argumentativa! PAM!
Vamos então!

1. O argumento

Este é um dos elementos mais absurdamente felizes do filme. Aquilo que podemos chamar de linearidade é meramente ilusória já que somos sistematicamente surpreendidos pela inexistência de surpresas. Este é mais um rude golpe que o sistema de Hollywood sofre às mãos de Tarantino. Queriam suspense? Queriam desenlaces alternativos? Pevas! Isto é aquilo que qualquer ser de senso comum esperaria de um filme se estivésse bom do juízo! Que bom podermos não esperar o inesperado! Que prazer não cumprir um dever, ter um livro para ler e não o fazer! (upps isto é de outro...). No entanto, este argumento tem que ser visto numa matiné, preferencialmente com um céu azul de lindo, um sol radioso e quente de Inverno, para que sintamos mais ainda a claustrofobia da sala escura e do fim esperado!

2. Série B

Pois claro! Desde já o filme série B do século! Não sei se repararam, por vezes o realizador até nos oferece planos kitsch (para aí de 5 em 5 minutos, mais frequentes talvez nos razoavelmente longos momentos de luta) para que não nos esqueçamos que hoje em dia não é disto que o cinema vive! E repararam como o negro típico da série B aqui surge em toda a sua pujança, meramente disfarçada por vermelho e tons fronteiriços. Eu teria feito aqui e acolá qualquer coisa de diferente (por exemplo, faltou uns elementos visuais mais chocantes, mas sobre isso falamos abaixo).

3. A violência

Qual violência??? O sangue é o combustível da vida! O filme transporta-nos para um mundo onírico onde os corpos se juntam numa orgia de cor! Tarantino conseguiu o que ninguém antes tinha conseguido: transformar o sangue no actor secundário mais importante de um filme! Conseguiu oferecer-nos o que nem o Reservoir Dogs ou Pulp Fiction nos tinham oferecido. Aliás o consumo de sucedâneo de sangue no filme deve ter excedido o da totalidade de todos os outros filmes anteriores. No que a isto diz respeito temos a prova provada que a violência típica de Manga é possível concretizar fora do mundo do desenho animado. Com mestria e extremo bom gosto!

4. Os pés da...

Upps. Aqui quase que concordo contigo amigo AC. Confesso que o único momento em que senti um ligeiro enjoo (físicamente falando mesmo) foi na cena dos pés! Porra o gajo podia ter-nos dado mais meia hora de sangue, mais 150 ninjas, mais 20 minutos de manga em desenho animado, até mais 1 hora de flash backs, mas pés?????? Ainda por cima destes.... (arrepio)! No entanto há que penetrar no imaginário do filme. Eram importantes estes pés quer no contexto argumentativo (são eles que resolvem muitos dos imbróglios que se seguem) quer estético! É que num filme de culto tens que ter elementos visuais chocantes e feios - os pés fazem esse papel, já que tudo o resto é belo!

Conclusão

É o grande filme de 2003 e a continuar neste ritmo, com a Part 2, vai ser com certeza um histórico de culto para os próximos 100 anos! 20 valores! PUM!

Kill Bill Part 1 - um Filme falhado??????????????

Deves estar a gozar! Como é óbvio não é verdade! Mas logo à noite direi da minha (que é universal como sabem!) justiça!
Há coisa de 20 anos assisti na Faculdade de Economia da UNL a uma Conferência de um então jovem Professor do MIT de seu nome Paul Krugman. Não me recordo exactamente, mas não teria muito mais que 30 anos de idade (o Professor, não eu!). Era um acontecimento fora do vulgar pois os modelos económicos de Paul Krugman já eram ensinados por esse mundo fora, incluindo Portugal. Estávamos perante um prodígio que, mantendo a perspectiva clássica ou neo-clássica da teoria económica, acrescentava uma modelização original e, parecia, respeitada por economistas e políticos. Era naturalmente um economista de natureza conservadora (expurgando por agora do conceito qualquer negativismos de natureza política), como a quase totalidade dos Professores que ensinavam na UNL. Aliás, a UNL tinha nascido fundamentalmente por contraponto a um ensino "demasiado" esquerdista que se praticava na área da economia no então ISE e depois no ISCTE. Era neste último instituto que o Professor Alfredo Barbosa leccionava antes de se lançar na aventura da nova Faculdade de Economia (há um episódio curioso em que este vosso escriba foi um dos sujeitos, no ódio visceral que se desenvolveu entre este saudoso Professor - falecido - e outro mais conhecido do grande público pela sua capacidade de gerir um país sem ler jornais nem aceitar opiniões de outros, mas isso ficará para outro post). Enfim, estávamos perante, portanto, um acontecimento dentro de uma ala da teoria económica que defendia a não intervenção (ou uma intervenção bastante restrita e controlada) do Estado na economia, tendo avançado mesmo para aquilo que ficou conhecido como a "supply side economy". Ou seja a economia movida por força da oferta que injectaria na economia a pujança dos seus produtos e serviços (supostamente a preços competitivos e de natureza inovadora) e que os consumidores se seguiriam fechando de uma forma harmónica (com impostos para o Estado como é óbvio) as equações fundamentais da Economia!

Vinte anos se passaram!

Leio na Visão desta semana: "Não só discordo da política da gente no poder em Washington, mas sobretudo tenho documentado que constituem a administração mais perigosa, em tempos recentes. A sua política económica é desonesta e irresponsável. (...) E que as pessoas hoje no comando dos EUA constituem uma coligação de grupos bastante radicais. (...) Uma direita radical controla o Congresso desde 1994. (...) É claro que utilizaram o 11 de Setembro para desenvolver uma política externa que nada tem a ver com o terrorismo, mas sim com a visão de os EUA mandarem no mundo. (...) O mais assustador é que os EUA estão à beira do precipício. (...) O meu medo não é que os EUA se tornem num país fascista, mas uma espécie de Chicago dos anos 60, 70, quando a cidade era controlada por uma máquina política corrupta."

Se não fosse o comentário " (...) eu sou conservador." pensariamos estar perante uma entrevista ao "pop-radical-de-esquerda" Michael Moore (que, já agora, com "Dude, where´s my Country" continua a mesma linha - simpática - dos seus anteriores livros; desta vez não tem umas eleições para dissecar, mas tem um 9/11!). Mas não!

Aquelas palavras são, nem mais nem menos que do emérito Professor Paul Krugman! Onde os EUA estão hoje (o seu poder e não o seu povo, como diz Moore) nem sequer é o caminho para o purgatório, nem o caminho para o Inferno (ou seja, o purgatório!). Já lá estão mesmo dentro. Será que a UNL ainda convida o Professor Krugman para dar Conferências?

segunda-feira, dezembro 01, 2003

Quatro razões pelas quais o quarto filme de Q. Tarantino é um filme falhado (vol. II)
Como sei que todos estavam ansiosos por descobrir, eis as duas razões que restam para saber porque é que o quarto filme de Quentin Tarantino é um filme falhado.

3. A violência
Não sou um moralista e oponho-me ao famoso V-chip. Não sou dos que pensam que os assassinos de Columbine tivessem massacrado vários inocentes por causa de terem visto o Matrix. A violência faz parte da vida e portanto também do cinema. É a representação da violência que é importante. Em Kill Bill, a violência é caricatural e escapa por isso às eventuais críticas de estetização, ao contrário do que acontecia por exemplo em Fight Club. A opção "hemoglobinar" de Tarantino, no entanto, parece-me demasiado feérica e pirotécnica. Decapitações, membros decepados, longos esguichos de sangue, o espectador tem direito a tudo. O espírito da coisa é, claro, muito banda desenhada, mas depois do 25° braço cortado e de mais uns intestinos de fora, começa a cansar. E acaba por ser demasiado caricatural. Em resumo: o motivo de eu não gostar de Kill Bill não é o facto de ele ser demasiado violento, mas o da representação dessa violência ser demasiado absurda e caricatural. Aceito-a numa animação manga (é também por isso que a sequência animada é a minha preferida, como já referi) não num filme, ainda por cima de Tarantino, que nos deu algumas das mais belas cenas de violência do cinema dos últimos anos (pense-se por exemplo na orelha cortada de Reservoir Dogs ou na cena de sodomia de Pulp Fiction).

4. Os pés da Uma Thurman
Última razão. Até concebo que haja uma certa dignidade em não contratar uma feetmodel para dobrar os pés da Uma Thurman. E, sejamos magnânimos, até cola bem com a história(?). Mas dar-nos longuíssimos grandes planos dos pés mais feios do mundo, ao lado dos quais os pés dos hobbits de Peter Jackson parecem ser da Giselle Bundchen, abate qualquer um. Eu não resisti e tive que fechar os olhos.
Quatro razões pelas quais o quarto filme de Q. Tarantino é um filme falhado (vol. I)
Antes de mais, devo dizer, até porque penso que o meu camarada de blog e Meridiano de Lisboa estará imediatamente em desacordo comigo assim que vir o título deste post, que sou um grande fan de Tarantino e que penso que os seus três filmes anteriores são excepcionais. Mas considero Kill Bill vol. I um filme falhado. Explicarei porquê em quatro razões e duas partes (eh eh).

1. O argumento
Entendamo-nos: em rigor, um grande filme não precisa de um grande argumento. Aliás, um script até pode nem ser necessário num filme. Por outro lado, existem grandes filmes sobre o tema da vingança, que se presta bem a um tratamento artístico. Kill Bill tem até ressonâncias de um fabuloso filme de Truffaut, La mariée était en noir. O problema de Kill Bill não é a indigência do argumento (que é de facto indigente). É Quentin tentar convencer-nos que tem um argumento e uma história para nos contar. É tentar dar-nos um perfil psicológico das suas personagens, particularmente da assassina interpretada por Lucy Liu (e que dá origem ao melhor momento do filme, a sequência de animação manga), que mete dó de tão primário. É deixar deslizar no fim do vol. I uma referência absolutamente ridícula à filha de Uma Thurman, que passa rapidamente de aborto a expectativa. É, numa palavra, fingir que tem um argumento quando de facto não o tem. Ora eu, como espectador, detesto ser enganado desta maneira. Preferiria de longe que Quentin assumisse desde o início que não tem um argumento, mas apenas uma sequência de imagens mais ou menos engraçadas para nos mostrar.

2. Série B
Todos aqueles que têm mais ou menos a mesma idade de Tarantino (o meu caso) e que se interessam por cinema foram alimentados a série B durante anos. Filmes de kung fu, westerns spaghettis, ficção científica pós-apocalíptica, you name it. Adorámos estes filmes e vimo-los várias vezes. Não espanta portanto que Tarantino, um devorador de filmes (faz já parte da lenda oficial o emprego de Quentin num videoclube, que ele aproveitava para papar tudo o que era filme), tivesse desejado prestar a sua homenagem definitiva à série B, sobretudo aos filmes de Hong-Kong. Isso não traz mal nenhum ao mundo. Até porque em todos os três filmes anteriores se sentia esse carinho de Quentin pela série B, e aí de maneira magistral. Só que a série B autêntica fazia (por vezes), com poucos meios e ideias geniais, grandes momentos de cinema. Não se é obrigado a fazer filmes mentecaptos para obter uma boa série B. E para quem pense que a série B faz parte de um passado glorioso que já não voltará, digo que não é impossível fazer boas séries B actualmente. Vejam qualquer um dos filmes de John Carpenter, um génio absoluto, e comparem com o cinema cheeseburger deste filme de Tarantino. Como costumava dizer um amigo meu, é como comparar merda com ervinha de cheiro.

As duas razões que restam ficam para a parte II, a postar bem antes da Primavera de 2004.

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